Compreende-se a reação contra o Natal comercial e consumista. Parece uma traição ao nascimento de Jesus, que assim assumiu a nossa humanidade e durante a sua vida foi ao encontro dos excluídos e marginalizados, criticando os bem vistos socialmente.
Mas mesmo o Natal comercial envolve alguma preocupação com os outros. E nessa abertura aos outros, sejam próximos, sejam pessoas sem recursos, desvalorizadas pela sociedade, encontra-se o essencial daquilo que dá sentido à vida, o cuidado pelos que sofrem.
E os que sofrem são muitos no nosso país, onde os sem-abrigo aumentam e a pobreza afeta um quinto da população. E são ainda muitos mais num mundo em que se multiplicam as guerras e as atrocidades.
A política, uma atividade humana, mostra-se incapaz de aliviar os sacrifícios de tanta gente. Mas não desesperemos, pois muitas vezes onde menos se espera manifesta-se o espírito do Natal.
Natal que não é uma fuga ao mundo nem uma aceitação daquilo que os poderosos deste mundo consideram valioso, ao mesmo tempo que desprezam a humanidade. “O ser humano não é só ódio, é essencialmente amor”, afirmou Frei Bento Domingues ao jornal Público, elogiando os que que fazem pontes e derrubam muros.
Boas Festas!