Novo primeiro-ministro britânico anuncia abandono da política de deportação para o Ruanda
06-07-2024 - 15:03
 • Lusa

O plano para o Ruanda foi uma das medidas do ex-primeiro-ministro conservador Rishi Sunak para tentar impedir que os imigrantes tentassem entrar no Reino Unido através do Canal da Mancha.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse este sábado que vai abandonar a controversa política conservadora de deportação de requerentes de asilo para o Ruanda, considerando que a medida nunca teve resultados, apesar do dinheiro investido.

"O projeto do Ruanda estava morto e enterrado antes de começar", disse o novo primeiro-ministro em conferência de imprensa, após a primeira reunião do seu Governo, acrescentando: "Nunca funcionou como um fator de dissuasão. Quase o contrário".

A medida foi um dos primeiros atos de Starmer no cargo, embora fosse amplamente esperada. Durante a campanha eleitoral, o líder trabalhista tinha dito que iria abandonar o plano que custou centenas de milhões de dólares, mas que nunca chegou a ser implementado.

Starmer fez o anúncio depois de realizar a sua primeira reunião do gabinete no número 10 de Downing Street, na sequência da vitória clara do Partido Trabalhista, que derrubou 14 anos de Governo conservador.

O plano para o Ruanda foi uma das medidas do ex-primeiro-ministro conservador Rishi Sunak para tentar impedir que os imigrantes tentassem entrar no Reino Unido através do Canal da Mancha.

Contudo, o plano foi confrontado com questões de direitos humanos e nunca conseguiu deportar uma única pessoa, apesar de terem sido desembolsadas centenas de milhões de libras num pacto com a nação da África Oriental.

No entanto, o cancelamento da política de deportação para o Ruanda já mereceu críticas de Suella Braverman, uma conservadora da linha dura do partido e possível candidata a substituir Rishi Sunak como líder do partido.

"Anos de trabalho árduo, atos do Parlamento, milhões de libras gastas num esquema que, se tivesse sido implementado corretamente, teria funcionado", disse continuando: "Há grandes problemas no horizonte que, receio, serão causados por Keir Starmer".

Sobre a primeira reunião do seu Governo, depois de ter sido investido no cargo na sexta-feira pelo Rei Carlos III, Starmer admitiu ter "muito trabalho pela frente".

Entre uma série de problemas que enfrentam, estão a dinamização de uma economia lenta, a correção de um sistema de saúde falido e o restabelecimento da confiança no Governo.

O primeiro-ministro terá uma agenda preenchida após a campanha de seis semanas que atravessou as quatro nações do Reino Unido.

Keir Starmer irá a Washington na próxima semana para uma reunião da NATO e será o anfitrião da cimeira da Comunidade Política Europeia a 18 de julho, um dia depois da abertura do parlamento e do discurso do Rei, que estabelece a agenda do novo Governo.

Starmer já destacou vários dos grandes temas, tais como a correção do Serviço Nacional de Saúde e a segurança das fronteiras britânicas, uma referência a um problema global mais vasto em toda a Europa e nos Estados Unidos de absorção do afluxo de migrantes que fogem da guerra e da pobreza, bem como da seca, ondas de calor e inundações atribuídas às alterações climáticas.