"O uso de explosivos nas cidades pode rapidamente transformar esta crise numa catástrofe para as crianças da Ucrânia. Não há operações armadas desta escala que não resultem em prejuízo para as crianças. As consequências serão trágicas", disse Afshan Khan, diretora regional da UNICEF para a Europa e Ásia Central, citada num comunicado.
Na nota informativa, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) relata a morte de 17 crianças e ferimentos em outras 30 desde 24 de fevereiro (dia do início da invasão russa), salientando que estes números são "apenas os relatos que as Nações Unidas conseguiram verificar" e que o número de baixas "é provavelmente muito superior".
A organização que integra o sistema das Nações Unidas referiu que o conflito obrigou à deslocação de uma parte significativa da população da Ucrânia, que "poderá em breve constituir uma das maiores crises de refugiados da Europa desde a II Guerra Mundial", sublinhando os relatos de escolas, orfanatos e centros de saúde gravemente danificados.
"Centenas de milhares de pessoas estão sem água potável devido a danos nas infraestruturas de abastecimento de água, e muitas ficaram impedidas de aceder a outros serviços básicos como cuidados de saúde. O país está a ficar sem artigos médicos essenciais e foi forçado a interromper os esforços em curso para travar um surto de poliomielite", apontou o mesmo comunicado.
A agência revelou ainda que está a intensificar a resposta às necessidades de crianças e famílias que atravessam as fronteiras ucranianas para países vizinhos, incluindo a "criação de espaços seguros ao longo das rotas de trânsito para as crianças e mães terem acesso a alguns serviços básicos".
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades.
As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de um milhão de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.