O ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Santana Lopes, reitera que a eventual entrada daquela entidade no capital do Montepio não partiu da instituição.
"Se as pessoas forem aos jornais de há meses atrás, verão declarações de membros do Governo e minhas, entrevistas a televisões, nas quais está lá claro. Eu ontem [terça-feira] pus no comunicado o que é que se passou e não vou voltar a repetir o que está no comunicado, a iniciativa não foi, de facto, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa", disse.
De acordo com Santana Lopes, que falava aos jornalistas em Portalegre à margem de uma acção de campanha para a liderança do PSD, todo o processo partiu de outras entidades.
"O processo nasceu, julgo até também do Banco de Portugal, do Montepio, de conversas de um projecto talvez do Montepio. À Santa Casa só podia ser uma entidade a propor, a tutela da Santa Casa é o Ministério da Solidariedade e da Segurança Social", disse.
"O Governo fez aquilo que entendeu dever fazer. Eu tal, como disse no comunicado, que o assunto foi tratado com cortesia e com correcção, falo verdade. Se as pessoas lerem o comunicado todo e não só as partes que mais lhes convêm, está lá tudo e nomeadamente de quem foi a iniciativa", acrescentou.
O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, introduziu hoje no debate a questão da eventual entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no capital do Montepio, questionando "a que título" o ministro do Trabalho, Segurança Social e Solidariedade "solicitou à Santa Casa que investisse no capital" do banco.
O primeiro-ministro recuperou, a este propósito, um comunicado emitido na terça-feira pelo ex-provedor da Santa Casa e candidato à liderança do PSD, Pedro Santana Lopes.
Nesse comunicado, Santana Lopes lembra que, quando deixou funções, estava em curso uma auditoria e ainda nenhuma decisão tinha sido tomada.
"A auditoria continua, não está concluída e continua a não estar tomada qualquer decisão", assegurou António Costa.
Sobre este tema, gerou-se uma discussão entre o líder parlamentar do PSD e o primeiro-ministro sobre quem tinha tomado a iniciativa de sugerir esta operação, depois de António Costa ter dito que a "manifestação de interesse" ao Governo sobre o Montepio teria partido da Santa Casa.
"Veio agora mudar o filme da história. É bom para sabermos quem está a mentir, se é a Santa Casa ou o primeiro-ministro", acusou Hugo Soares.
O deputado do PSD criticou ainda uma expressão utilizada recentemente pelo primeiro-ministro, que se referiu a 2017 como "um ano saboroso", perante funcionários portugueses de instituições em Bruxelas.
"Depois de todo este debate, ficou muito claro que este ano para os portugueses foi um ano bem penoso e a responsabilidade é sua", acusou.