O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas lamenta o que considera ser o "comportamento desviante" de um "reduzido número" de militares. O almirante Silva Ribeiro falava sobre o alegado caso de tráfico de diamantes, ouro e drogas protagonizado por militares portugueses em missões de paz das Nações Unidas, na República Centro-Africana.
Nas primeiras declarações públicas sobre o caso, Silva Ribeiro quis "garantir a todos os portugueses que as Forças Armadas continuarão a cumprir as suas missões com brio e com relevância e que este tipo de comportamentos é absolutamente intolerado nas Forças Armadas e que nós, no âmbito daquilo que são as nossas competências da disciplina militar, tudo faremos para corrigir este tipo de desvios".
Embora reconhecendo “momento difícil”, Almirante Silva Ribeiro destaca trabalho “abnegado, esforçado e heróico” das forças militares e mostrou-se convicto que, no terreno, "saberão avaliar aquilo que é o contributo dos portugueses".
Questionado sobre se se sente envergonhado, o militar garante que não mas admite sentir "profunda tristeza" e "profundo repúdio" pela atuação dos militares envolvidos no caso.
Já sobre se informou o Presidente da República, enquanto Chefe Supremo das Forças Armadas, Silva Ribeiro disse que "as Forças Armadas informaram dentro da sua estrura de comando e a sua estrura de comando fez a sua participação á Polícia Judiciária Militar".
Nestas declarações aos jornalistas, Silva Ribeiro explicou ainda que "quando a denúncia chegou era uma denúncia relativa à eventual participação de dois militares" e que só agora perceberam a dimensão do caso.
"Não havia nem nunca houve a perceção, logo de início, de que o problema fosse desta dimensão. Nós só tivemos essa compreensão exatamente ao mesmo tempo que os senhores tiveram, na segunda-feira passada", acrescentou.
Dois dos 11 arguidos da Operação Miríade ficaram em prisão preventiva. O juiz de instrução aplicou também medidas de suspensão do exercício de profissão a quatro arguidos, bem como proibições de contactos e de se ausentar do país a oito arguidos, sem especificar os nomes a quem foram atribuídas as respetivas medidas.
Os nove arguidos que ficaram sem medida privativa de liberdade terão a obrigação de apresentações periódicas nas autoridades.
Em 8 de novembro, a Polícia Judiciária executou 100 mandados de busca e fez 11 detenções, incluindo de militares, um advogado, um agente da PSP e um guarda da GNR, no âmbito da Operação Miríade, num inquérito dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.
Em causa está a investigação a uma rede criminosa com ligações internacionais que "se dedica a obter proveitos ilícitos através de contrabando de diamantes e ouro, tráfico de estupefacientes, contrafação e passagem de moeda falsa, acessos ilegítimos e burlas informáticas", com vista ao branqueamento de capitais.