O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, está preocupado com a situação da direita em Portugal e pensa que a governação terá dois ciclos nesta legislatura. As preocupações e análises de Marcelo foram sendo manifestadas aos vários partidos nas audiências que decorreram na terça-feira, em Belém.
Para o Presidente é claro que o XXII Governo, ao qual pretende dar posse rapidamente, terá dois ciclos: um até às autárquicas de 2021 e outro depois. Antes, ainda haverá eleições presidenciais (em janeiro de 2021), às quais Marcelo tem manifestado cada vez como mais provável a sua recandidatura.
Ao longo das suas conversas, ao que contaram fontes partidárias à Renascença, o Presidente também foi expressando a sua preocupação com o que chama de “direita democrática” em Portugal. Uma preocupação que Marcelo expressou de forma clara logo a seguir às eleições europeias.
“Há uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos. Isto, para ser muito realista. Isto explica por que é que o equilíbrio de forças está como está. E um bocadinho também por que é que o Presidente, pelo menos neste momento, é importante para equilibrar os poderes”, disse Marcelo, a 31 de Maio, numa iniciativa da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).
Nessa altura, o Presidente lamentou a falta de diálogo entre PSD e CDS e a “crise interna” que ambos partidos viviam. Agora, o Presidente lembrou a alguns partidos essa sua preocupação, considerando que as eleições legislativas mostraram como tinha razão. E confessou não ver como essa crise será ultrapassada, uma vez que tanto PSD como o CDS veem as respetivas crises agudizar em função dos resultados de 6 de outubro.
A alguns dos dirigentes partidários que recebeu, Marcelo também expressou a sua surpresa com a nota de Cavaco Silva sobre a situação do PSD. Contudo, ainda que de forma diferente a alguns partidos, também foi deixando passar a ideia de que considera necessária uma mudança no partido que também já liderou.