O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, fechou um acordo para a realização de exames gratuitos a todas as lisboetas para despistagem do cancro de mama.
O acordo com a Fundação Champalimaud está fechado, o protocolo é assinado em setembro. Carlos Moedas sublinha na Renascença a importância deste passo à escala municipal, numa altura em que "o Estado social está a falhar", e os "serviços públicos de saúde têm vindo a falhar nos últimos anos".
O presidente da Câmara diz que a sua intenção não é criar um "mini governo em Lisboa", mas suprir as falhas do Estado Central.
Que acordo é este, entre a Câmara de Lisboa e a Fundação Champalimaud, para a realização de rastreios ao cancro da mama?
É um plano para as mulheres de Lisboa, para todas. Aqui já não estamos a falar de mais de 65 anos, estamos a falar de todas as mulheres Lisboa, que terão acesso a rastreios mamários gratuitos. Portanto, cheguei a acordo com a Fundação Champalimaud para que eles nos possam fornecer aparelhos para fazer estes rastreios mamários e para que possamos oferecê-los à população, neste caso às mulheres de Lisboa. Estamos a preparar agora o protocolo e iremos assiná-lo em setembro com a Fundação Champalimaud.
Mas é importante esta ideia da construção de um Estado social local. Ou seja, hoje o Estado social está a falhar, os nossos serviços públicos de saúde têm vindo a falhar nos últimos anos. Isso é claríssimo para todos nós. E aqui não é uma questão ideológica, é uma questão de política pública centrada nas pessoas. Ter planos para as pessoas quando o próprio Estado não está a dar resposta.
Está a fazer um mini-governo em Lisboa, é isso?
Não. Não estamos a fazer um mini governo em Lisboa. Estamos a complementar aquelas que são falhas do Estado central... e falhas do Estado central, que fazem uma grande diferença às pessoas. Olhe o caso da saúde para os mais de 65 anos, as pessoas agora têm um médico a quem podem telefonar, podem ter uma consulta em casa. Tem estado a funcionar muito bem, exatamente porque há pessoas que não conseguem ter essa resposta no SNS. Não é substituir o SNS.
Mas aí coloca-se uma questão: a própria Liga Portuguesa Contra o Cancro também faz rastreios gratuitos e, pelo que sei, não têm tido grande adesão...
Sem dúvida. Eu penso que há aqui uma questão de saber informar as pessoas, de saberem quem têm aqui na Câmara a possibilidade de ter um plano de comunicação que transmita, também, a necessidade destes rastreios. E, eu diria, que não é só a Camara Municipal. Obviamente, a Liga Portuguesa Contra o Cancro, e outros também o poderão fazer. Mas a Câmara está aqui a fazer o seu papel. Está a ajudar a que cada vez mais mulheres possam fazer estes rastreios sem estarem preocupadas, por exemplo, com quanto é que vai custar. Este plano vai começar no rastreio do cancro da mama, mas poderá ir para outros rastreios, na prevenção do cancro. Este acordo com a Fundação Champalimaud também nos permitirá isso mesmo.
Mas haverá algum vínculo entre os lisboetas que aderirem a este rastreio e a Fundação Champalimaud? Ou seja, será expectável no caso em que seja diagnosticado um cancro, que essas pessoas sejam depois seguidas na Fundação Champalimaud ou o acordo vai limitar-se ao rastreio e, depois, será uma opção de cada um?
Não. Aqui a ligação é com a Câmara Municipal. A Fundação Champalimaud dá-nos essa capacidade técnica em termos de aparelhos, de médicos e de enfermeiros. Obviamente que, entre estes rastreios, quando à infelicidade de se detetar um problema, essa pessoa fará a escolha.
Uns irão para o Serviço Nacional de Saúde, que acompanhará. E daí a importância do SNS. Outras decidirão o que fazer. Dependerá de muitas coisas da vida de cada um fazer essa escolha. Mas o importante aqui é conseguir detetar muito cedo.