Os tempos de espera para doentes urgentes atingiram esta terça-feira uma média de 14 horas no serviço de urgência do Hospital Santa Maria, em Lisboa. No Amadora-Sintra já foi ultrapassada “em larga medida” a capacidade de internamento nas urgências.
Segundo dados do Portal do Serviço Nacional do SNS, pelas 12h00 encontravam-se 32 doentes com pulseira amarela (urgente) em urgência central no Hospital Santa Maria, com um tempo médio de espera de 14 horas e 13 minutos, sendo o tempo recomendado 60 minutos.
Pelas 15h00, o tempo médio de espera tinha baixado para as três horas e 19 minutos.
Contactado pela agência Lusa, uma fonte oficial do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), que integra os hospitais Santa Maria e Pulido Valente, explicou que o perfil dos utentes a chegar à urgência aponta para "um quadro de doentes mais complexos", muitos deles de outras áreas da região de Lisboa e com descompensação de doenças de base.
"Neste momento, nós temos cerca de 200 doentes em circulação na urgência e desses cerca de dois terços são doentes amarelos e laranja [urgente e muito urgente", elucidou.
Segundo a mesma fonte, "a complexidade" destes doentes implica diagnósticos mais diferenciados, múltiplos exames, muitas vezes com necessidade de procurar informações clínicas por serem de outras áreas de influência.
"Este contexto cria grande pressão nos serviços de urgências e nos internamentos", salientou.
O hospital apela às pessoas com situações menos graves para se dirigirem a respostas nos Cuidados de Saúde Primários.
Amadora-Sintra com “elevada afluência” e mais de 110 utentes em observação
Em comunicado, o Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, também conhecido como Amadora-Sintra, diz estar a registar uma “elevada afluência” no serviço de urgência geral.
“Cerca de 60% dos doentes são considerados pouco urgentes (verde) ou não urgentes (azuis)”, refere o hospital, em resposta à Renascença.
A nota indica que estão atualmente “mais de 110 doentes em sala de observação”, número que ultrapassa “em larga medida” a capacidade de internamento nas urgências.
“Ao nível do internamento existem mais de 50 utentes a aguardar disponibilização de vagas por parte da Segurança Social”, acrescenta o hospital.
Segundo o portal de dados, o Amadora-Sintra registava, pelas 15h00, tempos de espera de quase duas horas para doentes considerados urgentes, quando o tempo médio deveria ser apenas uma hora.
O tempo médio de espera para pulseira laranja (muito urgente) é de uma hora, quando o tempo recomendado é de 10 minutos.
Situação agrava-se no Hospital de Loures
A situação agravou-se durante a tarde desta terça-feira no serviço de urgência do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures.
Em resposta à Renascença, a comunicação do Beatriz Ângelo dava conta de 174 doentes nas urgências, a maioria com pulseira amarela.
O tempo de espera está nas seis horas para os amarelos, duas horas e meia para os laranjas e seis horas para os azuis.
Entre os doentes que se dirigem ao Hospital de Loures há muitas infeções respiratórias, tanto virais como bacterianas. Tratam-se de pacientes que exigem cuidados diferenciados, o que provoca uma maior demora nos tempos de espera.
No Hospital São José, o tempo médio de espera para doentes urgentes (pulseira amarela) é de duas horas.
Urgência pediátrica de Braga com afluência a subir
Desde o início do mês tem aumentado a afluência às urgências pediátricas no hospital de Braga.
O pico foi registado a 14 de novembro, com 247 utentes num só dia. A media dos últimos dias situa-se nos 186 utentes, mais 40 do que em igual período do ano passado.
No entanto, fonte hospitalar confirma à Renascença uma “elevada percentagem de atendimentos não urgentes”. Mais de metade, (57%) são doentes não urgentes triados com pulseiras verdes e azuis.
Já na área geral do serviço de urgência, a afluência tem sido “mais controlada”, mas o hospital prevê um agravamento nos próximos tempos em sequência da “habitual época de gripe e infeções respiratórias”.
Já no Hospital do Espírito Santo de Évora tem-se registado nos últimos dias uma “afluência muito alta” às urgências. No entanto, segundo o hospital, trata-se de uma procura “normal” para a época do ano.
Mais a norte, no Centro Hospital de Trás-os-Montes e Alto Douro, a afluência ao serviço de urgência tem estado “dentro da normalidade”.
Fonte hospitalar garante à Renascença que a unidade está preparada para eventuais picos de afluência típicos da época do ano.
(notícia atualizada às 20h06 - com ponto da situação em Braga, Évora e Vila Real)