Bispos venezuelanos dizem que "povo é o verdadeiro protagonista da mudança”
13-01-2023 - 22:33
 • Ricardo Vieira, com Lusa

Conferência Episcopal da Venezuela reitera que "diante da realidade de um Governo ilegítimo, a Venezuela pede uma mudança de rumo, um retorno à Constituição".

A Conferência Episcopal da Venezuela considera que o Governo de Nicolás Maduro é “ilegítimo” e defende que "o povo é o verdadeiro protagonista da mudança”.

Reunidos em assembleia plenária, em Caracas, os bispos venezuelanos alertam o mundo para a situação de grave crise que afeta a população do seu país.

A Igreja Católica da Venezuela quer continuar "a fornecer o apoio necessário a todos", especialmente às pessoas mais vulneráveis, refere o comunicado, citado pelo site Vatican News.

Os bispos reiteram que "diante da realidade de um Governo ilegítimo, a Venezuela pede uma mudança de rumo, um retorno à Constituição".

"Essa mudança requer a destituição de quem exerce o poder ilegitimamente e a eleição de um novo Presidente da República no menor tempo possível."

A Conferência Episcopal dirige-se também às Forças Armadas, que apoiam o Presidente Maduro.

Pedem aos militares que sejam guiados por "uma sã consciência" e que respeitem "a dignidade e os direitos de toda a população".

Maduro diz "já basta de sanções"

O Presidente venezuelano Nicolás Maduro voltou a pedir aos EUA, ao seu homólogo norte-americano Joe Biden, que levante "todas as sanções" contra a Venezuela e que têm um "peso muito grande" e "impacto brutal".

“Já basta de sanções! Governo de Joe Biden, levanta todas as sanções criminosas contra a República Bolivariana da Venezuela. Já basta de sanções criminosas e oxalá abandonem as políticas da conspiração permanente, de acreditar que com uma ‘conspiraçãozinha’ aqui, agora, sim, vamos conseguir”, disse.

O presidente venezuelano falava durante a sessão anual de apresentação das suas “memórias e contas”, que teve lugar no hemiciclo da Assembleia Nacional eleita em 2020 e onde o ‘chavismo’ detém a maioria.

Antes do pedido, Maduro explicou que “a Venezuela deve orgulhar-se dos líderes militares que tem, e de ter um sistema de liderança militar poderoso, honesto, ético, bolivariano, revolucionário e, mais do que nunca, profundamente chavista”.

“Portanto, da capacidade que temos de fazer passar uma mensagem e de nos unirmos para dizer ao Governo dos EUA que não queremos mais sanções”, disse.


“Que levantem as sanções criminosas contra o povo da Venezuela. Já basta de sanções criminosas. Já basta de perseguição económica, de perseguição financeira”, disse o governante, que pediu ainda “liberdade económica, comercial, financeira”.

Segundo Maduro, o peso das sanções tem sido “muito grande” e o “impacto tem sido brutal” para o país, mas a Venezuela aprendeu “a fazer muito com muito pouco, a fazer muito mais com menos” e que isso se verá nos resultados económicos de 2022, ainda por divulgar.

Por outro lado, precisou que “durante os últimos oito anos, o imperialismo e os seus extremistas lacaios roubaram à Venezuela, dos seus bolsos, o valor de 411 milhões de dólares [378,7 milhões de euros] por dia”.

“Um roubo. Verdadeiramente criminoso”, acrescentou o chefe de Estado.

Entre os exemplos citados por Maduro está a queda de 99% das receitas petrolíferas do país, desde investimentos, à exploração, produção, comercialização, venda e cobrança.

“Todas as atividades locais estão sujeitas ao intervencionismo, perseguição e sanções com o objetivo de que a Venezuela não tenha os recursos que pode produzir livremente, que deve receber livremente, para investi-los na sua economia, nos direitos sociais do povo, no crescimento da sociedade”, frisou.

Durante a sua intervenção, Maduro insistiu que o seu Governo tem feito “um esforço gigantesco de resistência financeira à guerra híbrida que o imperialismo tem feito”.

“Não é uma guerra contra um homem, não! Não é contra Maduro, é contra um povo, é contra um país, é contra a tentativa de construir de forma soberana e independente o nosso próprio modelo político, cultural, social, tal como está definido na nossa Constituição”, disse.

Maduro precisou que até agora os EUA aplicaram “mais de 927 sanções, das chamadas medidas coercivas unilaterais, restritivas, punitivas, extorsivas contra um país”.

“A perseguição, o bloqueio, o roubo de bens, a confiscação do património nacional constituem graves violações dos Direitos Humanos de todos os venezuelanos”, disse.