Francisco Neto assume que é o momento de renovar a seleção feminina, após o ciclo que concluiu com a primeira participação de sempre num Mundial, e explica as caras novas na lista para a Liga das Nações.
Na conferência de imprensa de divulgação da convocatória, esta sexta-feira, o selecionador nacional admite que sentiu que "este era o momento, na mudança de ciclo, de poder fazer algumas alterações".
"Quando trabalhas com um grupo de jogadoras durante algum tempo, qualquer alteração custa sempre, mas, como treinadores, temos de tomar decisões. Há sempre espaço, e tem sido sempre uma convocatória aberta, e como é lógico não quer dizer que as jogadoras que não estão não voltem. Mas é o momento da mudança de ciclo, em que achamos que é importante trazer e observar outro tipo de jogadoras, que podem aportar novas coisas ao nosso jogo. Em função do momento, dos desempenhos e da estratégia para o futuro, parece-nos uma altura ajustada", explica.
Sierra Cota-Yarde, estreia absoluta nas AA, e Nádia Gomes, um regresso, são as grandes novidades da convocatória.
No primeiro caso, Neto lembra que a guarda-redes, de 20 anos, já tem experiência de sub-19 e sub-23, além de ter participado, de forma breve, na preparação para o Euro 2022.
"Tem feito o percurso dela e sentimos que era um bom momento para a poder observar, na mudança do ciclo", sustenta.
Quanto a Gomes, o selecionador explica a ausência de cinco anos da avançada, de 26 anos, da seleção nacional - desde 2018 que não veste a camisola da equipa das quinas:
"Feoi mãe, é público, teve essa felicidade na vida e agora está a regressar ao mais alto nível. Faz todo o sentido uma jogadora com a prestação que ela teve na época passada no seu clube [San Francisco Glens], faz-nos sentido neste momento poder observar outra vez a Nádia. Acima de tudo, uma mensagem que o grupo nunca foi fechado, nunca será e que estamos atentos a todas aquelas que poderão vir a contribuir."
Jogo a jogo e "fazer os portugueses sonhar"
Portugal vai estrear-se na primeira edição da Liga das Nações, em que integra o grupo de França e Noruega, adversárias na primeira dupla jornada, além da Áustria.
Francisco Neto quer ver "o mesmo espírito, a mesma entreajuda, a mesma capacidade de sacrifício e a mesma competência" que a seleção nacional demonstrou no Mundial. As seleções francesa e norueguesa, que estiveram no Mundial, apresentam "registos diferentes".
"A França super poderosa individual e coletivamente, altamente dominadora. A Noruega uma equipa que acaba de mudar de treinador, apesar de continuar com as peças essenciais do Mundial. Só teremos um jogo para conseguir entender a ideia geral do novo selecionador. Dois jogos muito complicados, com mais incerteza sobre a Noruega. Temos de nos focar essencialmente na nossa dinâmica e em voltar àquilo que de bom fizemos no Campeonato do Mundo", assinala o selecionador.
Neto define como objetivo a manutenção na Liga A da Liga das Nações, uma prova que dá acesso, a três seleções, aos Jogos Olímpicos. Para já, contudo, o selecionador não pensa em Paris 2024.
"A partir [da manutenção], é chegar à última jornada com a possibilidade de depender só de nós para chegar à Final Four. (...) São seis jogos, a margem de erro é muito reduzida e cada jogo tem de ser encarado como uma final. Se estivermos ao nível que apresentámos no Mundial, estaremos mais próximos de fazer os portugueses sonhar", vinca.
O primeiro jogo está marcado para 22 de setembro, às 20h10, em França, e o segundo para o dia 26, em Barcelos, às 18h15, frente à Noruega.