A nova diretora-executiva da Agência Europeia de Medicamentos admitiu que a hesitação em relação à vacina contra a covid-19 a preocupa e defendeu que é preciso combater a desinformação e responder às “preocupações legítimas” dos cidadãos.
“A hesitação quanto à vacina preocupa-me, e um trabalho que agora podemos fazer juntos é combater a desinformação através de uma comunicação clara, oportuna e proativa”, defendeu Emer Cooke em entrevista ao Infarmed Notícias, publicada esta quinta-feira.
Para a responsável da Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês), é necessário “responder às preocupações legítimas dos cidadãos e construir confiança com eles”.
“Talvez isso implique a utilização das redes sociais ou qualquer outro canal que nos ajude a alcançar as pessoas e melhor direcionar a informação”, advogou Emer Cooke, que assumiu funções a 16 de novembro, ao jornal oficial da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed).
Na entrevista, Emer Cooke traça as principais prioridades do seu mandato, afirmando que, no âmbito da Covid-19, “o que é realmente importante [...] é garantir a disponibilidade de medicamentos e dispositivos médicos, bem como apoiar o acesso rápido a tratamentos, vacinas e diagnósticos inovadores onde existam lacunas terapêuticas”.
“Em última análise, não importa o quão inovador ou antigo é o medicamento, se efetivamente ele não chega ao doente, por razões de preço, de abastecimento ou de mercado. É um trabalho que a EMA não pode fazer sozinha, mas acredito que este é um tema em que precisamos de focar a nossa atenção”, afirmou.
Apesar de a pandemia dominar hoje uma boa parte das discussões, Emer Cooke observa que “não é a única ameaça à saúde pública” que o mundo enfrenta.
“A resistência antimicrobiana ainda é um problema importante, e eu estou empenhada em enfrentá-lo, não apenas ao nível da EMA, mas também através do trabalho conjunto com as autoridades nacionais”, defendeu.
Emer Cooker reconheceu ainda que assumir a liderança da EMA num momento em que o mundo enfrenta uma pandemia é “bastante desafiante”.
“As coisas estão a mudar rapidamente. Todavia, um aspeto que não mudou, nem mudará, é a importância do trabalho da EMA, lado a lado com os reguladores nacionais como o Infarmed, que, esse, tenho a certeza, vai continuar”, assegurou.
Por isso, sustentou, não constituirá “nenhuma surpresa que a minha primeira prioridade seja o trabalho em conjunto, nos próximos meses e talvez anos, enquanto enfrentamos a Covid-19”.
“Em meu entendimento devemos ser também uma rede de aprendizagem e garantir que possamos retirar as necessárias lições da pandemia de covid-19”, disse, sublinhando que todos mobilizaram “recursos de uma forma sem precedentes para apoiar o desenvolvimento e a avaliação de vacinas e tratamentos seguros e eficazes”.
“E para mim é claro que existem partes desta experiência que podem vir a ser utilizadas no nosso quotidiano normal”, sustentou.
No final da entrevista, Emer Cooke deixou uma mensagem sobre como garantir que a EMA não se torne numa “torre de marfim”: “É importante para mim ouvir e compreender as necessidades e os pontos fortes dos Estados membros, as vozes dos doentes e dos profissionais de saúde, as relações entre a saúde humana e animal”.