A mulher que deixou o filho recém-nascido num caixote do lixo, em Lisboa, vai aguardar o desenrolar do processo em prisão preventiva.
A mãe, uma sem-abrigo de 22 anos, fica indiciada por homicídio qualificado na forma tentada, depois de ser ouvida no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.
A Polícia Judiciária anunciou esta sexta-feira ter identificado e detido durante a madrugada uma mulher suspeita de ser a mãe do recém-nascido abandonado num contentor do lixo, na zona de Santa Apolónia, em Lisboa.
A suspeita vivia numa tenda naquela zona da cidade e nunca sinalizou às autoridades de saúde que estava grávida. Não tem antecedentes criminais e terá agido sozinha. Pai da criança "não está na cidade, nem na região".
O menino foi encontrado por um sem-abrigo na passada terça-feira, ao fim da tarde.
Na quinta-feira, o responsável pela unidade de cuidados intensivos neonatais do Hospital Dona Estefânia disse que o recém-nascido "é um bebé saudável", pelo que, em termos clínicos, poderia ter alta nas próximas 48 horas.
Daniel Virella explicou que a alta do bebé depende da decisão do Estado para o acolher, nomeadamente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ), reforçando que "clinicamente não há nada que impede de ter alta".
No Hospital Dona Estefânia, foram feitas "as análises, os exames complementares, que são habituais numa situação dessas, e o resto foi, basicamente, cuidados de prevenção".
Após ter sido internado no polo de urgência de pediatria do Hospital Dona Estefânia, onde precisou de "cuidados quase mínimos", o recém-nascido foi transferido para a Maternidade Alfredo da Costa por "não carecer de cuidados complexos médicos e cirúrgicos".
O Presidente da República já agradeceu o "gesto cívico e humano" do homem que encontrou um recém-nascido num caixote. "Quando ele andava à procura de meios de sobrevivência salvou uma vida. Por isso é que eu falei nas desigualdades", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.
A ministra da Saúde, Marta Temido, garantiu esta sexta-feira que o bebé irá permanecer nos cuidados de saúde, garantindo que estas estruturas estão "perfeitamente habilitadas a lidar com estes casos".
"A criança permanecerá nos cuidados de saúde enquanto precisar de cuidados de saúde e depois intervirão as outras estruturas, ao nível dos ministérios da Justiça e da Segurança Social, no sentido de encontrar uma família, uma instituição que proteja os direitos da criança", disse Marta Temido à margem de uma visita ao Hospital Curry Cabral, em Lisboa.