Cascais vai colaborar na reconstrução da cidade ucraniana de Bucha, nomeadamente na construção de uma escola, anunciou hoje o presidente da Câmara Carlos Carreiras, que assinou "online" um acordo de cooperação com o congénere ucraniano.
Quando se completam 100 dias após o início da guerra na Ucrânia, o acordo para a cooperação entre as duas cidades foi assinado de forma virtual entre os autarcas de Cascais e de Bucha durante uma visita a Cascais de Igor Zhovkva, chefe adjunto de Gabinete do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Segundo o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras (PSD), o acordo de cooperação está "muito focado ao nível da reconstrução de Bucha", cidade que ficou "com uma parte muito significativa" destruída.
"O aspeto mais relevante, e com o próprio apadrinhamento do senhor vice-chefe de gabinete, Cascais irá ajudar a construir uma escola em Bucha, já que são das infraestruturas que têm sido mais massacradas, à parte também das casas das pessoas, mas para já aqui entendemos que a parte da educação era parte prioritária na salvaguarda do presente e do futuro da própria Ucrânia", sublinhou.
Em Cascais, Igor Zhovkva encontrou-se com membros da comunidade ucraniana e conheceu as condições de acolhimento destes refugiados no concelho.
"Já ultrapassam os 2.600 [refugiados ucranianos neste concelho]. É um número significativo, somos o segundo maior concelho do país no acolhimento a cidadãos ucranianos. Teve também oportunidade de visitar os centros de acolhimento e ver as condições em que os cidadãos estão a ser acolhidos e, pela conversa que me foi transmitida pelo senhor vice-chefe de gabinete, foi com grande satisfação que viram as condições em que o acolhimento está a ser feito", afirmou.
O autarca referiu ainda que estes cidadãos "são convidados" do concelho e estão em "níveis muito diferentes de integração", mas a experiência tem estado a correr bem.
São provenientes de várias regiões ucranianas, "mas a esmagadora maioria, infelizmente, são aquelas cidades que todos os dias temos contacto pela comunicação social, que são das cidades mártires da própria Ucrânia", destacou.
Nas escolas estão cerca de 400 crianças ucranianas, a algumas das quais o município disponibilizou meios informáticos porque há escolas ucranianas que continuam a lecionar à distância.
Foi também celebrado um acordo com a Universidade Nova de Lisboa, para que "aqueles que frequentam cursos superiores possam, sem grandes formalismos, frequentar os cursos aqui em Portugal".
"As mães que querem e que podem estão-se a integrar no mercado de trabalho. Também continuamos a dar apoio, não só às famílias que ainda continuam a ser acolhidas por nós, mas também às famílias que são acolhidas nas casas de famílias de Cascais e até agora não tem havido nenhum incidente relevante", disse o autarca.
Foram ainda criados programas semanais de inscrição voluntária em atividades do concelho, desde atividades culturais e de visitas a monumentos até aulas de surf ou aulas de praia, "porque a maior parte desses cidadãos não conhecem o mar e agora, com a época balnear, poderia ser um perigo".
"Esta semana, juntamente com ações que se fazem com os nossos mais velhos, também foram cerca de 160 ucranianos a Fátima, por vontade deles. Ou seja, também ir integrando-os porque há de tudo, há pessoas mais velhas, pessoas mais novas, pessoas que têm ainda a esperança que não vale a pena estar a refazer a vida aqui em Portugal porque brevemente irão regressar à Ucrânia", acrescentou Carlos Carreiras.
A visita de Igor Zhovkva a Cascais decorre um dia depois de o município ter recebido também o assessor do presidente Zelensky para a área cultural, Serhii Shefir.
Em Cascais decorrerá, no dia 23 de junho, no Hipódromo Manuel Possolo, o concerto final de uma turnê de artistas ucranianos, a que se juntarão, também de forma voluntária, artistas portugueses.
Este concerto coincide com o início da reunião de Bruxelas que vai abordar o tema da adesão da Ucrânia à União Europeia, sublinhou.
O concerto "Life Will win", com o lema #StandwithUkraine, começa em Varsóvia em 10 de junho e percorrerá várias cidades europeias para apoiar a Ucrânia.
"Será, digamos, uma forma também de, quer a comunidade de Cascais, quer a comunidade ucraniana que está em Cascais, poder confraternizar e poder ter aqui o momento de alguma alegria, de alguma paz. Até porque a cultura não fomenta guerra, a cultura, fomenta paz e é isso que esses cidadãos estão a necessitar", concluiu o presidente da Câmara de Cascais.
A geminação da cidade de Cascais com Bucha foi aprovada no passado dia 9 de maio, em reunião de Câmara.