Um governador dos Estados Unidos reuniu-se hoje com a Presidente de Taiwan, dias depois de Washington ter anunciado conversações comerciais com Taipé e num cenário de elevada tensão com a China sobre a soberania da ilha.
Eric Holcomb, o governador republicano do estado de Indiana, aterrou em Taiwan no domingo, para uma viagem com uma agenda dedicada em grande parte a questões económicas.
A tensão entre Pequim e Washington agravou-se com a visita a Taiwan da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, no início de agosto, que as autoridades chinesas consideraram uma provocação.
A China reage negativamente a cada iniciativa diplomática que possa ser vista como um passo no sentido do reconhecimento oficial de Taiwan, cuja soberania prometeu recuperar, se necessário pela força.
Durante a visita de Pelosi, a China realizou manobras militares em grande escala em torno da ilha e prometeu que as suas forças continuariam missões de vigilância na região.
Na reunião com Holcomb, a Presidente Tsai Ing-wen fez uma referência direta às manobras militares de Pequim e apelou aos países com os mesmos interesses para continuarem a apoiar Taiwan.
"Estamos atualmente a enfrentar a contínua expansão do autoritarismo global", disse Tsai a Holcomb ao abrir a reunião perante os meios de comunicação social, segundo a agência noticiosa francesa AFP.
"Taiwan enfrentou ameaças militares da [China] no Estreito de Taiwan e à sua volta", disse, antes de apelar às democracias para "se unirem e reforçarem a cooperação em todas as áreas" para enfrentar o autoritarismo.
Os Estados Unidos e Taiwan "partilham muitos interesses, valores e objetivos comuns (...). Continuaremos a procurar construir consigo uma parceria estratégica", respondeu Holcomb.
O governador republicano deverá encontrar-se com representantes da indústria de semicondutores de Taiwan antes de viajar para a Coreia do Sul na quarta-feira.
Taiwan e a Coreia do Sul são os maiores fornecedores mundiais de semicondutores, componentes necessários para o funcionamento de telemóveis, computadores, carros e mísseis, entre outros produtos.
Washington pretende encorajar as empresas de Taiwan a construir fábricas de semicondutores nos Estados Unidos para diversificar as cadeias de abastecimento.
No seu discurso, Tsai disse que "Taiwan está disposta e é capaz de reforçar a cooperação com parceiros democráticos para construir uma cadeia de fornecimento sustentável" para todos.
A visita de Holcomb segue-se ao anúncio feito na semana passada de conversações comerciais entre Washington e Taipé no início do outono.
A China opôs-se às conversações, apesar de ter muitos acordos comerciais próprios com Taiwan, assinados quando as suas relações com Taipé eram mais estreitas.
Pequim considera Taiwan uma província rebelde desde que os nacionalistas se retiraram para a ilha em 1949, depois de perderem a guerra civil contra os comunistas.
Com mais de 23 milhões de habitantes, a ilha situa-se a cerca de 180 quilómetros a leste da China, no noroeste do Oceano Pacífico, separada do continente pelo Estreito de Taiwan.