O presidente da Câmara Municipal de Lisboa acusa o Governo de praticar “um populismo soft, light” e de não ter “vergonha de dizer tudo e o seu contrário” em matérias como a TAP.
Carlos Moedas foi o orador convidado do jantar conferência das jornadas parlamentares do PSD, que decorrem até terça-feira na Assembleia da República, e, apesar das críticas, assegurou que irá trabalhar com o executivo do PS “com lealdade institucional”.
“Mas não contem comigo para eu dizer o que o Governo quer ouvir, eu estou aqui para ser um incómodo, serei sempre que necessário um incómodo para o Governo”, garantiu.
Depois de fazer um balanço do seu primeiro ano de mandato autárquico, Carlos Moedas abordou temas nacionais e traçou a meta para o partido: construir o caminho para que o presidente do PSD, Luís Montenegro, seja primeiro-ministro.
“Liderar não é apenas discursar, não é ter palavras bonitas, não é vender um produto, liderar é fazer, antecipar, propor. Hoje no Luís temos exatamente isso: Luís queremos seguir-te”, afirmou, destacando “a audácia” do líder do PSD em matérias como o programa de emergência social, que propôs em agosto, ou o aeroporto, em que considera ter pressionado o Governo a agir.
Luís Montenegro marcou presença no jantar das jornadas do PSD, tal como os vice-presidentes António Leitão Amaro e Margarida Balseiro Lopes, além do secretário-geral, Hugo Soares, que participou na abertura.
Como exemplo do que classificou de “desnorte do Governo”, o autarca de Lisboa apontou o caso da TAP, que o Governo socialista quer privatizar, depois de ter revertido a privatização feita pelo Governo PSD/CDS-PP que integrou.
“Então nacionaliza-se, mas sem razão nenhuma, agora privatiza-se? Mas as pessoas percebem isto? Eu sinceramente não percebi”, afirmou, considerando que esta atitude “define um certo socialismo, um socialismo que não tem vergonha de dizer tudo e o seu contrário”.
Carlos Moedas foi mais longe e considerou que se vive atualmente na política portuguesa “um populismo ‘soft’”.
“Temos o verdadeiro populismo, temos os extremos, e devemos continuar a combater esses extremos, mas também há um certo populismo ‘soft, light’, que diz o que uns e outros querem ouvir”, criticou.
Para o autarca lisboeta, esta atitude marca a diferença com o PSD: “Nunca tivemos medo de dizer o que somos e ao que vamos, nunca tivemos medo de tomar decisões difíceis”, apontou.
Na sua intervenção, Carlos Moedas voltou a deixar críticas ao processo de descentralização que classificou de “meias tintas”.
“Não podemos ter uma descentralização a meio gás em que os autarcas fazem o que o Governo não quer fazer, em que as autarquias têm os muros das escolas, mas nada a ver com o que lá se ensina”, criticou, salientando que os autarcas “não são tarefeiros deste Governo”.
Carlos Moedas pediu aos deputados do PSD que “tenham orgulho” no que o partido está a fazer em Lisboa e recordou a noite em que ele próprio foi eleito deputado por Beja, em 05 de junho de 2011.
“Quem me diria a mim que, praticamente dez anos depois, em 26 de setembro de 2021 viria a ter uma das maiores alegrias da minha vida, das nossas vidas, da vida do PSD, que foi ganhar Lisboa”, recordou.
O autarca fez questão de cumprimentar o anterior secretário-geral, José Silvano, que coordenou o processo autárquico de 2021, e assegurou que “está para ficar em Lisboa”.
“E agora, como diria o Manuel Acácio, aqui estou para ficar, aqui estou para ficar em Lisboa”, afirmou, numa referência ao moderador do Fórum da TSF, programa no qual participou quando ainda era candidato à Câmara da capital.