Se Donald Trump anunciar esta quinta-feira que vai retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris isso será uma “chapada na cara” do Vaticano, diz o principal conselheiro do Papa Francisco sobre questões ambientais.
O bispo argentino Marcelo Sánchez Sorondo, chanceler da Academia Pontifícia das Ciências diz que sabe que o Presidente americano falou sobre este assunto quando esteve no Vaticano, pelo que a tomada da decisão pode ser considerada uma afronta à Igreja Católica.
“Eu não sei sobre o que é que Trump conversou com o Papa, não creio que tenha sido uma conversa muito detalhada sobre o ambiente. Mas sei que falou sobre este assunto na conversa que teve com o cardeal Pietro Parolin, o secretário de Estado do Vaticano”, afirmou Sorondo em declarações ao jornal italiano “La Repubblica”.
Nesse sentido, diz o bispo, uma saída dos acordos seria “uma chapada na cara também para nós”, referindo-se ao Vaticano.
Sorondo acredita que a concretizar-se a alegada intenção de Donald Trump “seria um desastre para todos nós. Não há muito mais a dizer”, e culpa o lobby da indústria petrolífera.
Mas apesar de reservar grande parte das suas críticas para Trump, o bispo também aponta o dedo a Obama. O facto do anterior Presidente ter tomado a maioria das decisões sobre o ambiente por decreto presidencial abriu o caminho, diz Sorondo, para Trump os revogar pela mesma via.
Bispos pedem a Trump para permanecer
Também os bispos católicos dos Estados Unidos tomaram uma posição oficial sobre o assunto.
O responsável da Comissão Internacional de Justiça e Paz da Conferência Episcopal dos Estados Unidos, Oscar Cantú, publicou uma declaração em que se lê que os bispos “têm defendido acção prudente para mitigar os piores aspectos das alterações climáticas.”
“A nossa Conferência Episcopal tem defendido vigorosamente os ensinamentos do nosso Santo Padre, o Papa Francisco, sobre os cuidados pela nossa casa comum. A encíclica do Santo Padre Laudato si’ foi lançada para pedir aos líderes mundiais para trabalharem em conjunto em Paris por um acordo que proteja o nosso povo e o nosso planeta. Esperamos que os Estados Unidos honrem o compromisso que assumiram lá”, lê-se no documento.