Adelino Caldeira, administrador da SAD do FC Porto, é suspeito de ter combinado com a claque "Super Dragões" o clima de intimidação na Assembleia Geral do clube que está na origem das buscas e detenções desta quarta-feira no âmbito da Operação Pretoriano. A informação é avançada pelo "Observador" e "Jornal de Notícias".
O dirigente nega todas as acusações que recaem sobre si. O vice-presidente e administrador da SAD do FC Porto diz repudiar "veementemente" as últimas notícias que o envolvem com os factos ocorridos na Assembleia Geral do FC Porto de 13 de Novembro de 2023.
"É falso que tenha instruído seja quem for a fazer fosse o que fosse na dita Assembleia Geral. Porque nunca tive com as pessoas hoje detidas quaisquer conversas acerca dessa Assembleia Geral - seja antes ou depois, de forma direta ou indireta - ou sequer de outros assuntos relacionados com a vida institucional do FC Porto, só por maldosa especulação e efabulação se terá envolvido o meu nome nos reprováveis acontecimentos daquela Assembleia Geral", lê-se no comunicado publicado no site do FC Porto.
"Lamento que a Justiça dê crédito e palco a quem, sem qualquer suporte, tenha no processo levantado suspeições absolutamente infundadas contra mim e sem contraditório algum. A seu tempo por certo tomarei conhecimento de quem enlameou o meu nome nesta vergonhosa fabricação e agirei de forma a que o falso testemunho prestado seja exemplarmente punido". acrescenta o administrador da SAD do FC Porto.
De acordo com as publicações, os 12 detidos desta manhã terão agido em conluio com o administrador da SAD portista, que terá atuado através de Fernando Saul, oficial de ligação aos adeptos do FC Porto e um dos detidos.
O objetivo seria criar um "clima de medo e intimidação" na Assembleia Geral Extraordinária do clube, onde iria ser votada uma alteração nos estatutos. Apesar da suspeita do Ministério Público, os mandados de detenção não incluem o nome de Adelino Caldeira.
Fonte próxima a Adelino Caldeira desmente as acusações em declarações ao "Jornal de Notícias": "São insinuações completamente destituídas de sentido. São uma efabulação, sem correspondência com a realidade. Iremos agir, na altura própria, contra quem tenha levantado essas falsas suspeitas".
Segundo o "Observador", o Ministério Público tem testemunhos de sócios presentes na AG e prova documental de conversas em grupos de redes sociais que apontarão para o conluio entre o administrador da SAD e a claque portista.
O ambiente de intimidação terá sido criado através da distribuição de cartões de sócio a elementos da claque para que marcassem presença na AG e intimidassem apoiantes de André Villas-Boas, que entretanto oficializou a sua candidatura à presidência do Porto.
Em comunicado ao início da tarde, o FC Porto apenas confirmou a detenção de dois funcionários do clube. De acordo com a imprensa nacional, trata-se de Fernando Saul, o oficial de ligação aos adeptos, e Tiago Aguiar, que trabalha com o departamento de futebol.
Fernando Madureira, líder da claque, a sua esposa, e Vítor Catão, conhecido adepto portista e também membro dos "Super Dragões" são outros dos detidos.
Em comunicado, a Procuradoria-Geral Distrital do Porto explica que em "causa está a prática dos crimes de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo ou em acontecimento relacionado com o fenómeno desportivo, coação agravada, ameaça agravada, instigação pública a um crime, arremesso de objeto ou de produtos líquidos e atentado à liberdade de informação", lê-se.
Foram apreendidos três automóveis, "cocaína e haxixe", uma arma de fogo e "vários milhares de euros". Para além disso, também foram recolhidos pelas autoridades "artefactos pirotécnicos", "mais de uma centena de ingressos para eventos desportivos" e equipamentos eletrónicos.
Pinto da Costa, que não está associado aos incidentes, vai anunciar a sua recandidatura à presidência do FC Porto este domingo. Segundo o jornal "A Bola", Adelino Caldeira não vai fazer parte da lista.
[Atualizado às 18h20 de 1 de fevereiro]