O Presidente russo, Vladimir Putin, apelou hoje à superação das graves dificuldades colocadas pelas sanções que privam a Rússia das altas tecnologias ocidentais, das quais é muito dependente.
"Tendo consciência das dificuldades colossais que se nos deparam, vamos procurar novas soluções intensamente e inteligentemente", declarou durante uma reunião transmitida pela televisão pública, ao referir que o seu país enfrenta um bloqueio "quase total" no acesso às tecnologias ocidentais.
"Hoje, não são apenas limitações, mas um bloqueio quase total que está a ser imposto ao nosso país em relação aos produtos estrangeiros de alta tecnologia", afirmou.
A Rússia está submetida a vastas sanções ocidentais e numerosas empresas estrangeiras saíram do país numa reação à invasão militar da Ucrânia.
Ao referir-se a um "enorme desafio", Putin apelou à utilização das tecnologias russas disponíveis e ao desenvolvimento de "novas empresas nacionais inovadoras".
"Não vamos baixar os braços", assegurou.
Após a ofensiva na Ucrânia, os gigantes da tecnologia (Microsoft, Apple, Google, Adobe, Cisco), retiraram-se da Rússia ou suspenderam ao mínimo uma parte das suas operações no país, deixando sem alternativas consumidores, empresas, serviços administrativos e utilizadores russos.
Os fornecimentos ocidentais também deixaram de assegurar um apoio técnico aos seus clientes russos. Uma situação que abrange diversos produtos, telefones e computadores Apple, sistemas de telecomunicação Cisco, mercados de aplicações móveis ou ainda sistemas como o Windows.
No imediato, a Rússia autorizou importações "paralelas" de produtos deste género, sem o acordo de quem detém a propriedade intelectual.
Na quinta-feira, Putin também indicou que os gigantes da tecnologia russa, como a Yandex ou Ozon, enfrentam importantes desafios, pelo facto de se financiarem nos mercados ocidentais ou das relações com instituições financeiras estrangeiras.
"É indispensável desenvolver rapidamente estes mecanismos no sistema financeiro russo, para que as empresas russas de rápido crescimento possam atrair capitais privados nacionais para o seu desenvolvimento", afirmou Putin.
O Kremlin tem assegurado que a Rússia resiste às sanções decididas pelo ocidente, mas os seus efeitos mais importantes poderão apenas sentir-se nos próximos meses ou anos, privando o país de novas tecnologias e das cadeias logísticas e financeiras mundiais.
Moscovo promete compensar estes efeitos a médio prazo através do desenvolvimento de alternativas russas.
Em paralelo, a repressão dirigida aos críticos da ofensiva russa na Ucrânia e a rutura das ligações aéreas com o ocidente implicou o êxodo de algumas dezenas de milhares de russos que trabalhavam no setor das novas tecnologias, agravando um défice já existente.