A agência espacial norte-americana NASA revelou esta segunda-feira que está pronta para lançar, na quinta-feira, um novo robô para a superfície de Marte, o Perseverance, que irá recolher amostras de solo e rocha que serão enviadas para a Terra.
A data de lançamento da missão, já conhecida, foi hoje confirmada pela NASA em conferência de imprensa, transmitida do Centro Espacial Kennedy, no Cabo Canaveral, Florida, de onde, às 07:50 locais (12:50 em Lisboa), será enviado o veículo robotizado, a bordo de um foguetão Atlas V.
A MARS 2020 – Perseverence (Perseverança) será a primeira missão a extrair amostras de solo e rocha de Marte. As amostras serão enviadas, posteriormente, para análise na Terra através de uma outra missão robótica, com lançamento previsto para 2026 e com a colaboração da Agência Espacial Europeia (ESA).
Após uma viagem de sete meses, o veículo robotizado Perseverance deverá aterrar em Marte, em 18 de fevereiro de 2021, na cratera Jezero, onde terá existido um lago e um delta (foz de rio).
Na sua primeira missão dedicada à astrobiologia, a NASA vai procurar sinais (químicos) de vida microbiana passada em Marte, caracterizar o clima e a geologia do planeta e, assim, abrir caminho para o envio de astronautas para a sua superfície, uma ambição que os Estados Unidos pretendem concretizar depois de conseguirem ter novamente astronautas na Lua (a primeira missão tripulada de regresso à Lua, depois da última em 1972, está prevista para 2024).
Juntamente com o veículo robotizado segue um engenho voador, semelhante a um minúsculo helicóptero, que irá testar um voo controlado noutro planeta.
O administrador da NASA, Jim Bridenstine, assegurou estar tudo pronto para o lançamento na quinta-feira, sublinhando que se trata de "uma missão importante para o mundo", e não apenas para os Estados Unidos, e "a mais sofisticada" do género.
Segundo Bridenstine, a MARS 2020 - Perseverence permitirá testar um método de produzir oxigénio (essencial para a sobrevivência de astronautas em Marte) a partir da atmosfera marciana (rica em dióxido de carbono).
O dirigente da NASA enfatizou que são "tempos excitantes" os que se avizinham, com a possibilidade de se descobrirem vestígios de vida em Marte, e que a missão foi levada por diante, com "perseverança", por uma vasta equipa e lançada ainda em 2020, conforme o planeado, apesar das contingências da pandemia da covid-19.
Respondendo por teleconferência aos jornalistas, Jim Bridenstine recusou a ideia de haver competição entre a Perseverance e missões robóticas enviadas para Marte por países como a China, potência económica que rivaliza com os EUA.
O subdiretor da missão, Matt Wallace, realçou que, se tudo funcionar tal como o programado, vai ser possível "ouvir os sons" de Marte e ver o robô a aterrar e a trabalhar na sua superfície, uma vez que está equipado com microfones e com câmaras que permitem fornecer imagens de alta definição.
O veículo robótico de quatro rodas, que pesa pouco mais de uma tonelada, ostenta uma placa com três 'microchips' que contêm o nome de 11 milhões de pessoas de todo o mundo, que responderam ao desafio da NASA de terem o seu nome "escrito" em Marte.
Na superfície de Marte existem dois objetos exploratórios, ambos operados pela agência espacial norte-americana: o Curiosity, um veículo robótico com um laboratório que analisa localmente amostras de solo e rocha para atestar se Marte teve condições para albergar vida microbiana, e o InSight, uma sonda equipada com uma broca e um sismógrafo para estudar o interior do planeta.
Apesar de inóspito, Marte é considerado o planeta do Sistema Solar mais parecido com a Terra. Estruturas geológicas demonstram que, há muito tempo, água líquida, elemento fundamental para a vida tal como se conhece, abundava na superfície do 'planeta vermelho'.
De acordo com os cientistas, o planeta teve, no passado, um oceano maior do que o Ártico.
Estudos apontam, com base em observações feitas em órbita e na superfície, para a presença de água líquida salgada e gelada em Marte.
O veículo robótico Perseverance, equipado também com uma broca, vai perfurar o solo marciano e recolher as amostras de rocha e poeira que se revelarem mais promissoras para serem estudadas na Terra. As amostras serão acondicionadas em tubos depositados no subsolo.
Espera-se que uma missão conjunta da NASA e da ESA, com lançamento agendado para 2026, venha a recuperar esses tubos e enviá-los numa caixa para a Terra.
A missão norte-americana Perseverance será lançada depois de a China, que também pretende ter astronautas em Marte, ter enviado recentemente para o espaço uma sonda e um robô para procurar água e gelo na superfície do planeta.
Após sucessivos adiamentos, o mais recente dos quais causado pela pandemia da covid-19, a missão russo-europeia ExoMARS vai enviar em 2022 para Marte um veículo robotizado para procurar sinais de vida passada e presente no planeta.
O Japão planeia enviar uma missão robótica para Marte em 2024 para extrair amostras da superfície do planeta e transportá-las para a Terra em 2029.