A primeira mulher a acusar Brett Kavanaugh de abusos sexuais, Christine Blasey Ford, está, esta quinta-feira, a prestar declarações no Senado americano.
No seu testemunho, que foi enviado horas antes de o dizer pessoalmente perante os senadores e das perguntas, Ford, uma professora universitária na Califórnia, descreve com especificidade o episódio ocorrido nos anos 80, envolvendo um Kavanaugh bêbado e acompanhado por um amigo, Mark Judge.
Segundo a professora, na altura com 15 anos, os três estavam numa festa numa casa, em Maryland, quando Kavanaugh a empurrou para um quarto, tentou despi-la, apalpou-a, enquanto o amigo, Judge, observava e ria.
Na sua embriaguez, Kavanaugh não consumou a violação e ela consegui fugir, relatou. Christine Blasey Ford contou esta história ao longo dos anos a familiares e amigos. Publicamente, fê-lo apenas recentemente, denunciando o juiz nomeado para o Supremo como o seu atacante.
Numa carta inicialmente confidencial, data de 16 de setembro, Christine Blasey Ford contou ao Washington Post o sucedido. As acusações atrasaram a confirmação do juíz Brett Kavanaugh e, entretanto, mais duas mulheres acusaram Kavanaugh de abusos sexuais.
Ford diz que agiu agora por "dever cívico" e só tornou a história pública depois de saber que Kavanaugh estava nomeado para o mais importante órgão jurídico do país.
Donald Trump já veio a público dizer que as histórias eram falsas e que estava com o juíz "até ao fim", mas também já declarou que poderia retirar o apoio ao seu escolhido, caso os alegados abusos sejam verdade.
Nesta altura, os democratas tentam ao máximo atrasar a confirmação. Com eleições para o Senado e para o Congresso no início de novembro, caso consigam impedir Kavanaugh de assumir o posto no Supremo até lá, a nomeação poderá cair por terra.
Kavanaugh é conhecido pelo seu conservadorismo em matérias sensíveis, como o aborto , as armas e a imunidade presidencial. Defende, por exemplo, que um presidente em funções não deve ser alvo de investigações criminais: de recordar que Trump está a ser investigado por possível colaboração com o governo russo para interferir com as eleições americanas, em 2016.
A professora está a responder a perguntas dos senadores americanos, que a estão a questionar sobre o ataque e sobre as possíveis consequências para Kavanaugh e para ela. Isto porque Ford conta também que, desde que veio a público, não só foi muito apoiada por acusar o juiz de abusos sexuais, como também foi ameaçada e acusa de oportunismo político.
[Notícia atualizada às 16h10]