O secretário-geral do PCP considerou esta terça-feira que não se deve "misturar" as eleições autárquicas com as negociações do Orçamento do Estado e fez depender a estabilidade política do combate à precariedade laboral e aos despedimentos coletivos.
Jerónimo de Sousa falava aos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa, após uma reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que desde segunda-feira tem estado a ouvir os partidos com representação parlamentar.
Questionado se o PCP se sente pressionado pelos apelos para que se evite uma crise política, declarou: "Não, e temos até uma proposta alternativa: essa estabilidade política será possível de encontrar se forem respeitados os direitos de quem trabalha, os direitos daqueles que estão ameaçados de encerrarem as suas portas, os direitos daqueles a quem se levanta o cutelo do despedimento coletivo".
O secretário-geral do PCP apontou como exemplo "a Galp, que soma largos milhões de euros de lucro", e insistiu que "é preciso estabilidade social, respeito por quem trabalha e os seus direitos, para se alcançar uma verdadeira estabilidade política".
Interrogado sobre a aprovação do Orçamento do Estado para 2022, Jerónimo de Sousa respondeu que "ainda não há Orçamento, está em vigor o Orçamento para 2021" e reiterou que os comunistas estão a acompanhar a sua execução, "particularmente empenhados na concretização do que lá está contido e que tem de ser aplicado".
Jerónimo de Sousa escusou-se a falar sobre uma proposta de Orçamento que ainda "não existe", realçando que só será publicamente apresentada pelo Governo depois das eleições autárquicas.
"Aliás, o Governo teve pressa em marcar as eleições para as autarquias para 26 de setembro. Não teria grande lógica misturar uma coisa com a outra", considerou.