O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, reagiu esta segunda-feira à votação que ditou a escolha de Amesterdão como cidade que acolherá a Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla inglesa), que sai do Reino Unido devido ao "Brexit".
Em comunicado, o presidente da autarquia felicita a cidade de Amesterdão e as outras duas finalistas, e faz um balanço positivo da candidatura nacional, congratulando-se pela posição conseguida pelo Porto na primeira votação. Rui Moreira admite que foi uma batalha difícil, mas destaca também a capacidade de união demonstrada por diferentes instituições na defesa da candidatura do Porto.
“Queríamos ganhar e entramos nesta corrida para ganhar. Mas
sempre percebemos que a batalha era muito difícil. Apesar de geograficamente
periférico, o país mostrou que tinha capacidade e que cumpria todos os
critérios e que o Porto podia receber uma agência desta natureza e dimensão”,
refere Rui Moreira, no comunicado enviado às redacções.
“O facto de o Porto se ter posicionado entre as cidades
favoritas para acolher uma das maiores agências europeias, fez com que a cidade
atingisse níveis de notoriedade, prestígio e reconhecimento nunca antes
alcançados. Agora estamos ainda mais mira dos investidores internacionais; para
além de sermos um polo turístico de grande importância, hoje somos uma cidade
para investir e para viver como há poucas na Europa”, entende o autarca.
A cidade ficou em 7.º lugar, em 14 cidades concorrentes, com 10 pontos (os mesmos que Atenas). Só Milão, Amesterdão e Copenhaga passaram à segunda fase da votação. Um empate Milão e Amesterdão levou a uma decisão por sorteio, tendo sido a cidade holandesa a escolhida para acolher esta agência europeia.
Porto não vê drama na derrota, só oportunidades
Em declarações à Renascença, Eurico Castro Alves, representante da Câmara do Porto na Comissão de Candidatura, assegura que todos deram o seu melhor, garantindo que o grande obstáculo foi o "lobby" político europeu.
“Há muitos resultados positivos que vão poder ser úteis no futuro. Pode contar que no futuro, Portugal será outra vez candidato e irá à luta e desta vez melhor apetrechado. Mas sempre com a consciência de que tem um 'lobbying' político no seio da União Europeia que ajuda a influenciar as decisões. Porque aqui, eu não tenho dúvida nenhuma com este resultado, e com este número de votos alinhados só em 3 países, houve claramente 'lobbying' politico", defende Castro Alves.
Questionado sobre a capacidade da diplomacia portuguesa ultrapassar a influência política de outros países, o representante da candidatura portuguesa responde com a "pouca influência" de "um país pequeno", mas garante que não terá sido "por falta de empenho e por falta de mérito dos nossos diplomatas",
Apesar do resultado ficar aquém das expectativas, Castro Alves garante "que o país sai deste processo com uma melhor imagem na União Europeia" e afirma que a candidatura abre novas oportunidades para Portugal. “Abriram-se portas com oportunidades de se fazerem protocolos de colaboração com vários países na área do sector do medicamento. E acho que o Infarmed irá tirar partido destas oportunidades que se abriram de cooperação com as autoridades reguladoras", entende Castro Alves, que conclui que "não constituiu nenhum drama esta derrota".
Também Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto, entidade que promoveu um estudo sobre as possibilidades do Porto receber a sede da EMA, assegura que todos deram o melhor na defesa da candidatura portuguesa. Para Nuno Botelho, Portugal perdeu porque "houve alguém melhor do que nós".
Também Manuel Pizarro, presidente do PS Porto, defende a ideia que o país sai vencedor de toda esta candidatura que não atingiu o seu principal objectivo.
“Com o trabalho que foi feito, o Porto ficará inscrito no próximo futuro como uma sede potencial de uma organização europeia ou de uma outra organização internacional. Havia outras candidaturas que estiveram no terreno durante mais tempo e com mais empenho e que são cidades contra as quais perder não nos faz diminuir o nosso orgulho na candidatura do Porto. Eu acho que o Governo e o município fizeram tudo que estava ao seu alcance”, defende o líder do PS Porto, em declarações à Renascença.
A candidatura portuguesa esteve inicialmente envolta em polémica. A cidade de Lisboa esteve para ser a candidata, mas, depois de alguns protestos de Rui Moreira, que classificou a decisão de centralista, o Conselho de Ministros tomou a decisão de candidatar a cidade do Porto.
Esta segunda-feira, e sabido que o Porto estava fora da corrida, o Presidente da República veio público dizer que "não tinha grandes expectativas". Marcelo Rebelo de Sousa não atribui culpas ao Governo e defende que a escolha de Lisboa não teria influenciado a decisão.