O maior incêndio do ano está em curso. “Falta um plano de reordenamento da floresta, é urgente legislar”
15-09-2020 - 15:43
 • Fábio Monteiro

Incêndio que deflagrou em Proença-a-Nova no domingo consumiu já mais de 16 mil hectares de floresta. De acordo com os últimos dados do Sistema de Informação Europeu para os Fogos Florestais (EFFIS), já arderam 51.682 hectares em Portugal este ano.

Com cerca de já 16 mil hectares ardidos, o incêndio que deflagrou no domingo à tarde em Proença-a-Nova, tendo alastrado depois aos concelhos de Castelo Branco e Oleiros, é o maior de 2020, confirmou a Renascença junto da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). Este fogo, que ainda está ativo, é um mais um alerta para a necessidade um plano nacional de reordenamento da floresta, atira Fernando Marques Jorge, presidente da câmara municipal de Oleiros.

“Neste momento, temos um secretário de Estado das Florestas [João Catarino] que para além da sua formação profissional e do conhecimento que tem desta zona toda e desta problemática dos incêndios, se não for desta vez que haja um reordenamento florestal, então já não acredito que se faça”, diz o autarca, em declarações à Renascença.

Segundo Fernando Jorge, “este é um problema que a Assembleia da República e o Governo têm que legislar com urgência e apoiar estas pessoas. O dinheiro não pode ir só para os banqueiros, não pode ir só para companhias aéreas falidas e tem que ir para onde é necessário, sobretudo para zonas que contribuem decisivamente para o desenvolvimento do país.”

De acordo com os últimos dados disponíveis do Sistema de Informação Europeu para os Fogos Florestais (EFFIS), já arderam 51.682 hectares em Portugal este ano. Não é claro se o incêndio que começou em Proença-a-Nova esteja já contabilizado; a ocorrência correspondente no EFFIS ainda dá apenas nota de pouco mais de cinco mil hectares ardidos.

Esta terça-feira, Luís Belo Costa, Comandante Operacional de Agrupamento Distrital do Centro Sul e Comandante das Operações de Socorro, disse que o incêndio "terá cerca de 90% do seu perímetro todo dominado", faltando dominar 10 por cento, onde estão atualmente os meios "a trabalhar" e a extinguir os focos existentes.

Apesar de admitir que o pior já passou, Fernando Marques Jorge sublinha que o fogo pode ainda voltar a ganhar novo fôlego. “A zona norte do concelho [de Oleiros] ainda está problemática. Aquilo que sei é que o vento vai levantar por volta das 16 horas e pode haver reacendimentos em zonas que ainda estão verdes. Portanto, todo o cuidado é pouco e todas as atenções são poucas. É muito importante que a Proteção Civil e os bombeiros se mantenham atentos, sobretudo nas povoações. Para defesa das pessoas - que são ainda mais importantes que o pinheiro, naturalmente”, diz.

No concelho de Oleiros, as maiores perdas provocadas pelo incêndio “referem-se à área florestal”. “As pessoas vivem muito do pinheiro, da madeira e da resina, mas também há um prejuízo significativo nas hortas.” Não ardeu nenhuma primeira habitação, mas há a registar, até ao momento, a perca de três casas de segunda habituação, sendo que duas das quais estavam devolutas, adiantou o autarca.