Com cerca de já 16 mil hectares ardidos, o incêndio que deflagrou no domingo à tarde em Proença-a-Nova, tendo alastrado depois aos concelhos de Castelo Branco e Oleiros, é o maior de 2020, confirmou a Renascença junto da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). Este fogo, que ainda está ativo, é um mais um alerta para a necessidade um plano nacional de reordenamento da floresta, atira Fernando Marques Jorge, presidente da câmara municipal de Oleiros.
“Neste momento, temos um secretário de Estado das Florestas [João Catarino] que para além da sua formação profissional e do conhecimento que tem desta zona toda e desta problemática dos incêndios, se não for desta vez que haja um reordenamento florestal, então já não acredito que se faça”, diz o autarca, em declarações à Renascença.
Segundo Fernando Jorge, “este é um problema que a Assembleia da República e o Governo têm que legislar com urgência e apoiar estas pessoas. O dinheiro não pode ir só para os banqueiros, não pode ir só para companhias aéreas falidas e tem que ir para onde é necessário, sobretudo para zonas que contribuem decisivamente para o desenvolvimento do país.”
De acordo com os últimos dados disponíveis do Sistema de Informação Europeu para os Fogos Florestais (EFFIS), já arderam 51.682 hectares em Portugal este ano. Não é claro se o incêndio que começou em Proença-a-Nova esteja já contabilizado; a ocorrência correspondente no EFFIS ainda dá apenas nota de pouco mais de cinco mil hectares ardidos.
Esta terça-feira, Luís Belo Costa, Comandante Operacional de Agrupamento Distrital do Centro Sul e Comandante das Operações de Socorro, disse que o incêndio "terá cerca de 90% do seu perímetro todo dominado", faltando dominar 10 por cento, onde estão atualmente os meios "a trabalhar" e a extinguir os focos existentes.
Apesar de admitir que o pior já passou, Fernando Marques Jorge sublinha que o fogo pode ainda voltar a ganhar novo fôlego. “A zona norte do concelho [de Oleiros] ainda está problemática. Aquilo que sei é que o vento vai levantar por volta das 16 horas e pode haver reacendimentos em zonas que ainda estão verdes. Portanto, todo o cuidado é pouco e todas as atenções são poucas. É muito importante que a Proteção Civil e os bombeiros se mantenham atentos, sobretudo nas povoações. Para defesa das pessoas - que são ainda mais importantes que o pinheiro, naturalmente”, diz.
No concelho de Oleiros, as maiores perdas provocadas pelo incêndio “referem-se à área florestal”. “As pessoas vivem muito do pinheiro, da madeira e da resina, mas também há um prejuízo significativo nas hortas.” Não ardeu nenhuma primeira habitação, mas há a registar, até ao momento, a perca de três casas de segunda habituação, sendo que duas das quais estavam devolutas, adiantou o autarca.