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O bispo de Aveiro receia que algumas instituições de solidariedade da Diocese "tenham de fechar por insolvência". Em entrevista à Renascença, D. António Moiteiro diz que as dificuldades vividas antes da pandemia do novo coronavírus se estão a agudizar.
O bispo lembra que as instituições dispõem de três fontes de financiamento: "a comparticipação do Estado, o contributo dos utentes e as dádivas" e, "se falhar uma das partes, neste caso as mensalidades dos utentes, isto torna-se muito complicado, à medida que vão aumentando os gastos”.
D. António reconhece que “isto já acontecia antes da crise” e que, agora, “se deve agravar, porque os rendimentos das famílias vão ser menores e o contributo dos utentes também não vai aumentar”.
O bispo de Aveiro prevê um tempo de “dificuldade acrescida” e teme que algumas instituições sociais “tenham mesmo de fechar por insolvência".
“Dificuldade em testar os idosos e os trabalhadores”
Entre as instituições sociais, sobretudo nos lares de idosos, subsiste a preocupação com a dificuldade em testar utentes e trabalhadores para saber se estão infetados com o novo coronavírus.
"Esta é uma preocupação muito grande”, reconhece D. António que, “no contacto com os provedores das misericórdias e autarcas”, ouviu “a dificuldade em testar os idosos e os trabalhadores”.
“Estou a falar por aquilo que eles me dizem: quando pedem que sejam testados todos os doentes não há teste para todos”, garante o bispo de Aveiro, que acrescenta uma preocupação extra, uma vez que “os lares, por norma, estão cheios e, se aparece um caso ou dois de Covid-19, a questão da separação e da criação de espaços torna-se muito difícil”.
E aqui, o bispo assegura que, como Diocese, “os nossos meios de recursos e os nossos meios de casas - temo-los posto à disposição”.
O bispo de Aveiro já falou com todos os sacerdotes e todos os provedores das misericórdias da Diocese e percebeu a preocupação com os lares de idosos.
A Diocese de Aveiro criou esta semana a “Linha CoVive”, uma linha telefónica de acompanhamento com sacerdotes disponíveis para aqueles que necessitarem. D. António Moiteiro revela que já houve várias chamadas, “sobretudo de pessoas que vivem sozinhas” e também “é interessante do mundo da saúde a partilhar preocupações e a desejar votos para que as coisas melhorem”.
E neste tempo de confinamento em que se aproxima a Semana Santa e a Páscoa, o bispo de Aveiro deixa o desafio para que em todas as casas seja colocada uma cruz, para “testemunhar este tempo pascal”.
“Pensamos que possa ter um pano roxo na Semana Santa e depois mudá-lo no domingo de Páscoa para branco”, apela.
Para futuro, depois de passada a pandemia, D. António Moiteiro diz que é preciso pensar "numa nova economia que esteja ao serviço do ser humano" e defende ainda uma reflexão profunda sobre a ecologia".