A repreensão e o pedido de desculpas de Augusto Santos Silva pelo comportamento do Chega durante o discurso de Lula da Silva podem ter contribuído para uma maior visibilidade do protesto, em vez de diminuí-lo, admite, em declarações à Renascença, o politólogo José Adelino Maltez.
Os deputados do Chega estiveram de pé durante o discurso de Lula da Silva, com cartazes onde se liam as frases: "chega de corrupção" e "lugar de ladrão é na prisão", para além de segurarem bandeiras da Ucrânia.
"Os deputados que quiserem manter-se na sala têm de manter a cortesia, urbanidade e educação que é exigida a qualquer representante do povo português. Chega de insultos, chega de degradarem as instituições e colocarem vergonha no nome de Portugal", disse Augusto Santos Silva, que pediu desculpa a Lula pelo protesto.
À saída do parlamento, depois do seu discurso, Lula da Silva considerou o protesto do Chega de ridículo, mas encara a situação com naturalidade.
Questionado sobre o tom usado pelo presidente da Assembleia da República, Maltez considera que “o que aconteceu ali foi má educação” e que Santos Silva “tinha ao seu lado dois Chefes de Estado, um português e um brasileiro. Portanto, tinha de manifestar-se, e manifestou-se da forma que sentia e muito bem”.
Ainda assim, “se ele fosse irónico, como, às vezes, sabe ser, talvez fosse mais engraçado… mas não o critico”.
Para José Adelino Maltez, o Chega escolheu uma fórmula “pouco estética de protesto” e que “não teve graça nenhuma”.
“Foram mal-educados, ponto”, conclui o politólogo.