"Mal-educados, ponto". Politólogo solidário com Santos Silva
25-04-2023 - 12:13
 • André Rodrigues

José Adelino Maltez diz compreender a veemência da repreensão do presidente da Assembleia da República ao comportamento dos deputados do Chega, mas admite que pode ter contribuído para uma maior visibilidade do protesto, em vez de diminuí-lo.

A repreensão e o pedido de desculpas de Augusto Santos Silva pelo comportamento do Chega durante o discurso de Lula da Silva podem ter contribuído para uma maior visibilidade do protesto, em vez de diminuí-lo, admite, em declarações à Renascença, o politólogo José Adelino Maltez.

Os deputados do Chega estiveram de pé durante o discurso de Lula da Silva, com cartazes onde se liam as frases: "chega de corrupção" e "lugar de ladrão é na prisão", para além de segurarem bandeiras da Ucrânia.

"Os deputados que quiserem manter-se na sala têm de manter a cortesia, urbanidade e educação que é exigida a qualquer representante do povo português. Chega de insultos, chega de degradarem as instituições e colocarem vergonha no nome de Portugal", disse Augusto Santos Silva, que pediu desculpa a Lula pelo protesto.

À saída do parlamento, depois do seu discurso, Lula da Silva considerou o protesto do Chega de ridículo, mas encara a situação com naturalidade.

Questionado sobre o tom usado pelo presidente da Assembleia da República, Maltez considera que “o que aconteceu ali foi má educação” e que Santos Silva “tinha ao seu lado dois Chefes de Estado, um português e um brasileiro. Portanto, tinha de manifestar-se, e manifestou-se da forma que sentia e muito bem”.

Ainda assim, “se ele fosse irónico, como, às vezes, sabe ser, talvez fosse mais engraçado… mas não o critico”.

Para José Adelino Maltez, o Chega escolheu uma fórmula “pouco estética de protesto” e que “não teve graça nenhuma”.

“Foram mal-educados, ponto”, conclui o politólogo.