O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, defende a atribuição de um "voucher" para que as famílias possam ter melhores condições energéticas e de habitabilidade.
Durante o debate de presidentes de câmara da conferência Pandemia: Respostas à Crise, uma iniciativa da Renascença em parceria com a Câmara de Gaia para debater o papel das Instituições Sociais e do Poder Local, Eduardo Vítor Rodrigues enumerou quatro formas de utilizar os fundos municipais: projetos estruturantes, entidades supramunicipais, capitalização das autarquias e "uma questão que o Presidente dos Estados Unidos introduziu nos primeiros dias da sua governação":
"Reconhecer que não é possível combater a pobreza energética se pedirmos às famílias que participem nem que seja em 10% da reabilitação do telhado e da caixilharia dupla das suas casas, porque elas não têm dinheiro muitas vezes sequer para irem na última semana do mês ao supermercado. O que tem claramente de assumir-se é que este tipo de mudanças implica um atirar dinheiro a fundo perdido para as famílias, com todas as regras, com toda a fiscalização de apoios que permitam de facto haver mudança. Senão, aquilo que verdadeiramente vai acontecer é intervenção no combate à pobreza energética nas famílias médias-médias, porque as médias-baixas não entram por aí, e vai haver uma reabilitação em eficiência energética no que diz respeito às habitações sociais àquilo que é gerido pelos municípios."
Ou seja, o que o autarca de Gaia defende são "vouchers" para as famílias.
"Não é o que já fazemos? Não é o que neste momento precisamos? É que se nós não conseguirmos ter uma imediata tradução no rendimento salarial de um aumento significativo, se queremos mesmo que as famílias passem a ter melhores condições energéticas e tenham janelas duplas, não temos de ser claros na opção e apoiar de forma destemida? E mais, não estamos sequer a inventar nada. Porque, em bom rigor, já o fazemos. Se comprar um carro elétrico, submete a sua candidatura e, em condições normais, recebe três mil euros a fundo perdido. Passa a receber 10, como acontece em França", respondeu o autarca.
Questionado sobre se isso não seria mais uma prestação, Eduardo Vítor Rodrigues assegurou que a equiparação não se aplica, porque "as prestações são diferentes e respondem a problemas concretos".
"Aqui, trata-se de promover a mudança estrutural do país no que diz respeito às condições de habitação e de mobilidade e fazê-lo a partir de um apoio financeiro direto, de um instrumento poderoso que compense as famílias que também estão descapitalizadas", esclareceu.