A economia portuguesa registou um excedente externo de 704 milhões de euros até maio, o que compara com um défice de 3.661 milhões de euros do mesmo período do ano passado, divulgou esta quinta-feira o Banco de Portugal (BdP).
Segundo o banco central, a passagem do défice a excedente deve-se à diminuição do défice da balança de bens, de 520 milhões de euros, uma vez que nos primeiros cinco meses do ano as exportações cresceram mais do que as importações (1.657 milhões de euros e 1.137 milhões de euros), e ao aumento do excedente da balança de serviços, de 2.741 milhões de euros, evolução justificada sobretudo pelo acréscimo de 1.755 milhões de euros do saldo das viagens e turismo.
Contribuiu ainda para a evolução a redução do défice da balança de rendimento primário em 543 milhões de euros para 2.208 milhões de euros, explicada pelos rendimentos de investimento que tiveram um aumento de recebimentos superior ao dos pagamentos, o crescimento do excedente da balança de rendimento secundário em 79 milhões de euros para 2.136 milhões de euros, reflexo do aumento dos recebimentos de prestações sociais e a diminuição da contribuição financeira paga por Portugal para o orçamento da União Europeia, e, por fim, à subida do excedente da balança de capital em 482 milhões de euros para 988 milhões de euros, devido sobretudo a maior atribuição de fundos comunitários.
Considerando apenas maio de 2023, registou-se um excedente das balanças corrente e de capital de 11 milhões de euros, o que compara com o défice de 1.696 milhões de euros ao do mesmo mês de 2022.
Em maio, a balança de bens e serviços tornou-se excedentária, com um saldo de 124 milhões de euros, o que resulta da redução de 121 milhões de euros do défice da balança de bens para 2.220 milhões de euros. Esta redução reflete a queda das exportações, de 176 milhões de euros, que foi inferior à queda das importações, de 297 milhões de euros (queda de 2,5% e 3,2%, respetivamente).
Houve ainda o aumento do excedente da balança de serviços, de 474 milhões de euros para 2.344 milhões de euros.
O Banco de Portugal refere que as exportações e as importações de serviços aumentaram, 14,7% e 4,6% respetivamente.
"Para esta subida contribuíram sobretudo as viagens e turismo e os serviços de transporte. As exportações e as importações de viagens e turismo cresceram 20,9% e 8,9%, respetivamente, e resultaram num aumento do saldo desta rubrica de 333 milhões de euros", diz.
Em maio, as exportações de viagens e turismo totalizaram 2.184 milhões de euros, o que é o valor mais elevado da série para o mês de maio.
Quanto à balança de rendimento primário, o défice diminuiu em 891 milhões de euros, para 852 milhões de euros, relativamente a maio de 2022, “devido sobretudo à redução dos rendimentos de investimento pagos ao exterior".
Já a balança de rendimento secundário viu o excedente aumentar em 52 milhões de euros para 482 milhões de euros e a balança de capital apresentou um excedente de 257 milhões de euros, mais 170 milhões de euros relativamente ao período homólogo.
Os dados do BdP apontam ainda que a capacidade de financiamento da economia portuguesa em maio de 2023 se traduziu num saldo positivo da balança financeira de 282 milhões de euros.
Este saldo resulta do aumento dos ativos sobre o exterior, de 489 milhões de euros, com destaque para os ativos externos do Banco de Portugal em numerário e depósitos (316 milhões de euros), do aumento dos passivos externos, de 207 milhões de euros, explicado pelo crescimento dos depósitos de não residentes nos bancos residentes (749 milhões de euros) e dos passivos do banco central perante o Eurosistema (573 milhões de euros). Já em sentido contrário houve uma redução dos títulos de dívida pública portuguesa na posse de entidades não residentes (redução de 1.247 milhões de euros).