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Rui Rio, 6 de outubro de 2019: "Não foi a hecatombe do PSD". A frase resume, grosso modo, o tom do líder social-democrata na noite das eleições legislativas.
"Não atingimos o objetivo, mas não é a grande derrota que muitos profetizavam e alguns até desejavam", disse ainda, vincando as últimas sílabas da frase, como quem quer garantir que o recado chega aos destinatários.
Junte-se a estas duas afirmações uma dose de raiva mal contida contra os comentadores com "agenda política" e a instabilidade dentro do partido, "com a conivência de alguma comunicação social", e estão apontados os fatores internos que - na análise do líder social-democrata - contribuíram para este resultado.
Mas alguém falou em derrota? Duas derrotas, mais concretamente, nas eleições europeias e agora, com o resultado abaixo do péssimo resultado de Pedro Santana Lopes, em 2005.
Bom, mas ainda faltam os fatores externos: a conjuntura internacional favorável ao crescimento económico, a fragmentação dos partidos à direita e, ainda, as sondagens, que galvanizaram o PS e desmotivaram o eleitorado do PSD. Todos estes fatores foram apontados por Rui Rio nesta noite eleitoral para explicar os 28% de votos que conseguiu o líder partidário que nunca tinha perdido eleições.
Mas alguém falou em derrota? À terceira pergunta, Rui Rio admitiu que sim, que ele é o maior responsável porque é o líder, mas nem no tom nem na claque, que se manifestou incessantemente durante a conferência de imprensa, houve ambiente de derrota.
A sala cheia não teve aquele ambiente pesado das noites eleitorais perdidas. E o presidente do PSD não tem pressa em explicar a pergunta que se repetiu nos bastidores toda a noite: fica ou sai?
Protestos na sala: "essa pergunta que me está a fazer vai merecer serenidade e ponderação e ouvir as pessoas", referiu Rui Rio.
Os críticos internos, esses, não devem fazer-se esperar muito tempo. Os tais que até desejavam a derrota, segundo Rio, já começam nos bastidores a movimentar as peças para o cheque-mate.
E Rio? Resiste?