O antigo primeiro-ministro José Sócrates renova críticas ao Ministério Público tendo por base a Operação Influencer.
Num artigo de opinião publicado no Diário de Notícias (DN), José Sócrates, figura central da Operação Marquês, apela ao debate sobre a justiça e sobre o caso do momento.
Desta forma, Sócrates contraria as palavras de Pedro Nuno Santos, candidato à liderança do PS, para quem, o partido não pode passar os próximos quatro meses a debater um processo judicial.
O antigo primeiro-ministro considera que a ação do Ministério Público “derrubou um Governo, acabou com uma maioria absoluta e dissolveu a Assembleia da República” e lamenta que o conselho dos estrategas do partido afirme que “a luta é contra a direita, não contra o sistema judiciário”.
“A caminho do cadafalso, os lábios dos socialistas entoam cânticos de confiança na Justiça. Esplêndido”, escreve.
Sócrates defende que quando o Ministério Público decide prender, fazer buscas em casas particulares e tornar pública uma investigação, deve ter já na sua posse provas que considere suficientes da culpabilidade dos envolvidos.
“Deve estar pronto para acusar. Pois bem, não está”, sinaliza, lembrando que a investigação vai durar anos e que “os procuradores manterão os suspeitos devidamente presos na prisão da opinião pública durante o tempo necessário a que outro tempo político floresça”.
Por isso, lamenta que os socialistas considerem que não podem passar os próximos quatro meses a discutir um processo judicial, mesmo que este “lhes tenha retirado ilegitimamente a maioria absoluta no Parlamento e o direito a governar”.
“Os socialistas não têm tempo para discutir a liberdade. A armadilha mental da direita resulta em pleno - criticar os abusos do Ministério Público é ‘atacar a Justiça’”, assinala, acrescentando, no entanto, que “este silêncio faz mal ao estômago”.