Encontro de jovens na Católica. "Sei que o Papa Francisco não me vai desiludir"
03-08-2023 - 13:27
 • João Cunha

Começaram a chegar aos jardins da universidade antes das seis da manhã e fizeram a contagem decrescente para a chegada do Papa. Francisco foi recebido de telemóveis em riste, na esperança de conseguirem uma foto ou um vídeo.

Estão deitadas, as duas. Uma de cabeça pousada nas costas da outra. Esta apoia a cabeça na mochila da JMJ e ambas - à falta de uma manta - cobrem-se com bandeiras de Espanha, já que o frio matinal e o vento que se faz sentir não ajudam à espera.

Cada vez mais jovens vão entrando nos jardins e mais convidados para os lugares na plateia, com lugares sentados. No hotel do outro lado da rua, a uma distância considerável, já muitos estão nas varandas dos quartos, à espera.

Ao fundo do jardim está Ana, uma jovem de Paredes de Coura. Está de calções, sentada num murete ao fundo do jardim, lado a lado com outros dois jovens peregrinos que tentam tapar-se com uma bandeira do município.

"Não tenho nenhum tipo de expectativas porque sei que o Papa Francisco não me vai desiludir", diz esta jovem, quando questionada sobre as expectativas para este encontro. Diz-se de coração aberto ao que Francisco possa dizer, porque será "mais uma palavra de alento e de força".

Antes das seis da manhã já eram muitos os que estavam nos jardins da Universidade Católica de Lisboa, para o encontro de jovens com o Papa. E como o encontro só acontecia algumas horas depois, muitos aproveitaram para compensar as horas de sono perdidas no últimos dias. Outros tentavam beber um café, algures. E outros divertiam-se fazer tranças nos cabelos de uma colega.

No ecrã gigante, o tempo a contar, decrescente. Pouco antes de faltar uma hora para a chegada do Papa, ouviu-se uma contagem decrescente dos segundos. E quando faltava uma hora certa, ouviram-se, em uníssono, aplausos.

Perto da hora da chegada, acompanham-se no ecrã as imagens da saída do Papa da Nunciatura. As laterais do jardim ficam vazias, porque quem lá estava começa a chegar-se cada vez mais para o centro do jardim, onde a vista para o palco é mais desafogada.

Francisco chega e de imediato, milhares de smartphones são colocados no ar, para conseguir uma foto ou um vídeo.

Depois do discurso de boas vindas da reitora da Universidade Católica, o testemunho de quatro jovens, sendo o mais marcante o de uma refugiada iraniana que estuda na Católica. Ao Papa, explicou que depois de ter “ficado sem teto, família e amigos”, está orgulhosa de “ter recomeçado uma nova vida” em Portugal.

Segue-se o discurso do Papa, que lhes pede para serem inconformistas, inquietos e que não substituam o real pelo virtual. E lembra-lhes que é imperativo "cuidar da casa comum", com "visões de conjunto".

Já no final, Francisco confessa-se "feliz por ver uma comunidade educativa viva, aberta à realidade, com o Evangelho a animar as partes e o todo". E desafia os estudantes a prosseguirem "a busca e o risco da caminhada".

Termina o encontro, com o Papa a rezar um Pai Nosso com os jovens estudantes. Ouve-se e canta-se o hino da JMJ, num grande momento de festa, enquanto Francisco acena, despedindo-se.