A imprensa europeia saúda a passagem de Emmanuel Macron para a segunda volta das eleições presidenciais francesas, mas alguns jornais estimam que a presença da candidata de extrema-direita, Marine Le Pen, representa "uma ameaça".
O The Guardian considera que o centrista Emmanuel Macron representa "a melhor esperança de um grande país, profundamente perturbado", mas ressalva que "a ameaça da extrema-direita não está extinta".
O Financial Times vê já na segunda volta das presidenciais francesas a "coroação" de Macron, mas prevê que o jovem centrista deverá ser forçado a "negociar duramente" para colocar o seu programa em marcha.
O jornal conservador alemão Frankfurter Allgemeine mostra-se reservado sobre o apuramento de Emmanuel Macron num artigo intitulado "A França Rasgada": "Mais de 40% dos franceses votaram em candidatos muito à direita ou muito à esquerda. A vitória de Macron é muito estreita".
Para a revista alemã de centro-esquerda Der Spiegel, o sucesso do candidato centrista "é uma bofetada na cara do sistema político. O seu apuramento para a segunda volta abalou, pelo menos provisoriamente, as instituições políticas de longa data, os gaullistas conservadores republicanos e os socialistas no poder, do presidente François Hollande".
Num editorial publicado ´online´, o jornal Le Soir considera que os franceses "fizeram a sua revolução, abalando, como fez Trump, os homens políticos tradicionais, tanto de direita como da esquerda, para colocar face a face duas pessoas fora do sistema".
O Le Temps, pegando no termo "nova fronteira" usado pelo antigo presidente norte-americano John Fitzgerald Kennedy, espera a vitória de Emmanuel Macron: "Este jovem Presidente com menos de 40 anos pode dar uma nova fronteira à França e melhorar o destino dos franceses". Mas o jornal estima que "a Frente Nacional, são os descendentes da França colaboracionista e da Argélia francesa que se encontram às portas do poder".
A Gazeta Wyborcza saudou igualmente a passagem de Macron à segunda volta: "A União Europeia vai sobreviver ao divórcio com a Grã-Bretanha. Mas o ´Frexit´, a saída da França da União, teria enterrado o projecto europeu. E era o que tinha anunciado Marine Le Pen".
O centrista Emmanuel Macron ultrapassou Le Pen na primeira volta. A votação decisiva será a 7 de Maio.
O candidato liberal já recebeu o apoio de outros candidatos presidenciais derrotados, e, de acordo com projecções, derrotará a candidata de extrema-direita com mais de 60% dos votos.