Os inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) denunciam que há muito mais estrangeiros vítimas de exploração laboral em Portugal do que dizem os números oficiais.
Em causa está a discrepância entre os números oficiais relativos a estrangeiros que são vítimas de exploração laboral e a realidade constatada pelos inspetores no terreno.
Em declarações à Renascença, Acácio Pereira, do Sindicato dos Inspetores de Fronteira, recorre aos dados do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) para concluir que "algo está a falhar e não está de acordo com a realidade".
"Em 2016 foram instaurados 15 inquéritos. No ano passado foram abertos outros 20". Contudo, para uma perceção mais aproximada do problema, Acácio Pereira diz que "seria necessário multiplicarmos este número por 20 para alcançarmos uma quantidade de casos mais compatível com a realidade".
Atualmente a unidade de tráfico de pessoas do SEF tem três pessoas em permanência. Acácio Pereira alerta que "esse número não é razoável, atendendo ao facto de sermos um país onde há múltiplos casos de exploração laboral de trabalhadores e em que os nossos aeroportos funcionam como placa giratória de mulheres e crianças, vítimas de tráfico".
A solução, diz o dirigente do sindicato do SEF, "passa pelo investimento em formação e recursos humanos, porque a exploração de um ser humano por outro ser humano é um crime hediondo".
Noutro plano, Acácio Pereira lembra que, "muitas das vezes, estes crimes são silenciados por medo". Daí que seja "necessário apoiar os cidadãos na denúncia destes casos", envolvendo não apenas o Estado, "mas também a Igreja, as IPSS e as associações de imigrantes para serem a voz destas pessoas que são usadas e, muitas vezes, vilipendiadas da sua dignidade.
[notícias actualizada às 12h00, com declarações de dirigente do Sindicato dos Inspetores de Fronteira]