O Parlamento Europeu anunciou esta quarta-feira que aceita as alterações dos países do sul da Europa que pedem a não criminalização do consumo de qualquer bebida alcoólica.
O primeiro plano europeu contra o cancro indicava que qualquer consumo de álcool aumentava o risco de desenvolver cancro, sem estabelecer uma distinção entre alto e baixo teor alcoólico, nem em quantidade nem em consumo para proteger os produtores de vinho.
Foi, contudo, possível, melhorar a redação introduzindo uma palavra-chave que altera a redação: "nocivo". Ou seja, considera-se um risco maior de desenvolvimento de cancro, apenas nos casos de consumo nocivo e não nos casos de ingestão moderada dentro de um estilo de vida saudável.
Se a formulação não sofresse alterações, estaria aberta a porta para a eventual aplicação de medidas mais restritivas, onde se incluiria, por exemplo, uma rotulagem com avisos semelhantes aos dos produtos de tabaco na cerveja e no vinho.
O debate sobre o álcool e o cancro faz parte da primeira estratégia europeia contra o cancro. Quer alcançar maior equidade no acesso a tratamentos inovadores, estabelecer melhores medidas de prevenção e até incentivar a circulação de pacientes com cancro entre países.
O debate sobre o álcool e o cancro integra a primeira estratégia europeia contra o cancro para promover maior equidade no acesso a tratamentos inovadores, estabelecer melhores medidas de prevenção e até incentivar a circulação de pacientes com cancro entre países.
Associação satisfeita. “O setor do vinho é muito importante para Portugal”
Para a Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal (ACIBEV), as conclusões do relatório da Comissão Especial para a Luta contra o Cancro do Parlamento Europeu são recebidas com satisfação.
Em comunicado, a ACIBEV insiste que “o cancro é uma doença multifatorial, por isso não se pode dizer que há uma relação direta entre o consumo de vinho, de forma moderada, e o aparecimento de vários tipos de cancro”.
Até porque, acrescenta a nota, “a evidência científica indica que beber vinho com moderação, à refeição, no âmbito da dieta mediterrânea, associado com exercício físico e um estilo de vida saudável, contribui para o aumento da expectativa de vida e bem estar geral, com a diminuição de uma série de doenças como por exemplo diabetes ou doenças coronárias”.
A ACIBEV defende que a ideia de que não existe um nível seguro para o consumo de bebidas alcoólicas é “simplista” e, por isso, reafirma “a necessidade de todas as políticas terem uma base científica sólida e serem proporcionais aos impactos económicos que podem causar”.
“O setor do vinho é muito importante em Portugal, contribui de forma significativa para a economia nacional, as exportações e para a fixação de população no interior”, acrescenta a associação.
Daí o apelo dos empresários do setor das bebidas à Comissão Europeia para que dê prioridade a “medidas legislativas focadas no consumo abusivo do álcool, que não ponham em causa a nossa cultura, as nossas comunidades, os nossos territórios e que respeitem a nossa tradição gastronómica de que o vinho faz parte”.