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O representante dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Portugal, João Antunes, alerta que o grande risco para a população moçambicana depois das cheias, na sequência do ciclone Idai, será a possível proliferação de doenças, fruto da falta de acesso a água potável.
Com um reforço de emergência preparado para as próximas 24 horas, João Antunes reconhece que a “a primeira prioridade será dar uma resposta de emergência nos casos mais graves”, mas a organização está preocupada com a falta de acesso a água potável. “As pessoas não têm acesso a água potável e isso pode aumentar o número de diarreias, que tem logo influência na saúde dos afetados. Depois disso, chegam outro tipo de infeções, como infeções respiratórias”, explica o representante do MSF, em entrevista à Renascença.
O representante desta ONG, no terreno desde as primeiras horas, admite até que, caso o acesso à população continue difícil, “poderá haver os primeiros casos de cólera”. “Esperemos que isso não aconteça”, diz João Antunes. Contudo, se os primeiros casos desta doença aparecerem, a resposta das organizações no local “terá de ser diferente”.
Até ao momento, os Médicos Sem Fronteiras têm no local 150 profissionais, que estiveram incontactáveis durante alguns dias. “Entrar em contacto foi muito difícil. As casas dos nossos médicos também ficaram danificadas”, conta o representante da ONG.
Os serviços de saúde na região da Beira foram particularmente afetados. Segundo uma nota dos Médicos Sem Fronteiras, 17 centros de saúde da região ficaram totalmente destruídos. O principal hospital da cidade ficou parcialmente danificado. “A sala de operações e outras salas estão danificadas”, revela João Antunes à Renascença, vincando a necessidade de “ampliar a resposta”.
A região central de Moçambique foi afetada, a partir de quinta-feira, pelo ciclone Idai que, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, provocou igualmente dezenas de desaparecidos.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, acredita que o número de mortos no país pode ultrapassar os mil.
A passagem deste ciclone em Moçambique, Malawi e Zimbabué provocou pelo menos 222 mortos, segundo balanços provisórios divulgados pelos respetivos governos na segunda-feira.
Mais de 1,5 milhões de pessoas foram afetadas pela tempestade naqueles três países africanos.