O caso já está a causar um incidente diplomático. O Governo americano intercedeu para que o Reino Unido reconheça o direito dos pais de Alta determinarem o melhor tratamento médico que querem para a sua filha e pediu que ela seja autorizada a viajar para fora do país, emitindo-lhe um visto.
Tanto os EUA como Israel já se ofereceram para acolher Alta e a sua família, que são judeus. O pai da menina é natural dos EUA e cidadão americano.
Vários congressistas americanos têm manifestado a sua revolta pela situação, escrevendo ao Presidente Joe Biden. A Casa Branca respondeu que “a defesa dos direitos dos cidadãos americanos é uma das principais prioridades” da Administração.
Os problemas de saúde de Alta Fixsler começaram logo no seu nascimento. Chegou a morrer pouco depois do parto, mas foi reanimada. Contudo, a privação de oxigénio deixou-a profundamente deficiente. A menina de dois anos não respira nem come sozinha, precisando do apoio de máquinas de suporte de vida.
Ao final de dois anos os médicos do hospital de Manchester decidiram que Alta não tem perspetivas de recuperação e que está em dor e desconforto, pelo que será no seu melhor interesse desligar as máquinas que a mantêm viva e colocá-la em cuidados paliativos.
Os pais de Alta, que são judeus ortodoxos, dizem que essa decisão atenta contra as suas convicções religiosas e invocam o seu direito de decidirem qual é a melhor opção médica para a sua filha, propondo levá-la para fora do país, caso o hospital não queira continuar o tratamento.
Se a decisão do hospital for para a frente, porém, Alta morrerá ao fim de poucos dias, ou mesmo horas.
"Se o hospital não a pode tratar, deixem-nos levá-la para outro lugar. Quando nasceu só lhe deram umas horas de vida, mas ainda aqui está”, disse o pai de Alta, em declarações reproduzidas pela BBC. O pai, Abraham Fixsler, diz que outros especialistas consultados pela família discordam sobre o facto de Alta estar a sentir dor ou desconforto.
Os conflitos entre os profissionais de saúde e os pais de crianças deficientes são recorrentes no Reino Unido, onde em vários casos os desejos dos médicos se sobrepõem aos dos pais.
Em 2017 os pais do bebé Charlie Gard foram impedidos pelos tribunais de o levar para fora do país depois de os médicos terem dito que o melhor para ele era desligar as máquinas, para que morresse. No ano seguinte, em 2018, aconteceu um caso parecido com Alfie Evans.
Cada caso tinha os seus contornos médicos e éticos, mas em comum tinham o facto de os tribunais terem decidido de acordo com a vontade dos profissionais de saúde e contra a dos pais das crianças.
(Notícia atualizada às 1h40)