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O padre Pavlo Tomashewski, pároco da cidade de Mariupol, não esconde a revolta face à destruição que está a acontecer na cidade e a deixar os seus habitantes sem meios de subsistência.
“Isso não é raiva. Isso é desespero. Quando você sabe que os seus paroquianos estão sentados no abrigo agora, sem comida ou água, e podem morrer. Quando você sabe que não pode ajudá-los de forma alguma, você não sente raiva, mas apenas desespero”, diz o sacerdote à Agência SIR, da Igreja italiana.
O padre Pavlo já saiu da cidade, com um grupo de refugiados, mas conta que os relatos que lhe chegam dão conta de uma verdadeira tragédia.
“Ontem atiraram sobre um comboio de carros que viajava de Mariupol para Zaporíjia. Havia crianças e mulheres grávidas a bordo. A sua presença estava sinalizada”, conta, realçando que esta “é uma guerra diabólica”.
O sacerdote da Ordem de São Paulo, diz que Mariupol praticamente já não existe, 90% dos edifícios residenciais foram completamente destruídos.
“A cidade de Mariupol está sendo implacavelmente destruída pelos russos, pedaço por pedaço. Todos os dias os aviões lançam bombas sobre a cidade. A artilharia também dispara com muita frequência. Quase metade da cidade é controlada pelos russos”, descreve.
“Não há comida, nem água, nem eletricidade, nem internet, nem comunicação. As pessoas pegam água do rio, mas é uma água muito suja e tentam purificá-la de alguma forma. A situação é tão difícil que não sei como descrevê-la”, acrescenta o pároco da paróquia de Nossa Senhora de Czestochowa em Mariupol.
Nestas declarações à SIR, o sacerdote defende que “não se pode negociar com os russos”, porque “eles são insidiosos e estão a matar civis”.
“Eles sabem o que estão a fazer. Eles atiram em civis a partir de tanques. Crianças e mulheres são mortas e ainda se gabam”, diz o sacerdote, sublinhando que a Rússia tem como estratégia arrasar a Ucrânia.
“Eles sempre foram assim. Eles contam mentiras na TV e fazem propaganda. Dizem que foram à guerra para nos proteger dos nazistas. Como você pode falar de paz? O humanismo europeu é uma fraqueza para eles e eles riem-se disso”, diz.
A concluir, o padre Pavlo implora oração pelo povo, mas principalmente pelos políticos europeus.
“Só peço oração. Principalmente para os políticos, para os políticos europeus”, diz o sacerdote lembrando que já foi pedido à NATO que ajudasse a fechar o céu acima da Ucrânia, mas NATO está com medo e por isso mulheres e crianças inocentes morrem todos os dias em Mariupol”.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 780 mortos e 1.252 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,1 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.