A situação é "gravíssima" e, "em breve", terá uma resposta do novo governo. Por isso mesmo, e para resolver a falta de professores, o Governo vai apresentar um plano de emergência no curto prazo, anunciou o ministro da Educação, sem se comprometer com datas.
Fernando Alexandre recordou que, em meados de março, ainda havia 1.172 alunos sem professor a pelo menos uma disciplina, em permanência, desde o início do ano letivo – um número que já tinha avançado no Parlamento, e que o Governo anterior sempre se escusou a revelar. O ministro falava em Barcelos, à margem da tomada de posse de Maria José Fernandes como presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos.
"É uma situação gravíssima, um problema que é estrutural e que tem de ser resolvido rapidamente. Vamos apresentar um plano de emergência para resolver o problema da falta de professores em breve", afirmou o titular da pasta da Educação, mas frisando que o problema dos professores "não se resolve de um dia para o outro".
Sem se comprometer com datas, o ministro adiantou que o Governo, com o plano de emergência que será apresentado em breve, tentará evitar que, no próximo ano letivo, haja uma repetição do que aconteceu este ano.
"As falhas foram muito significativas", vincou.
Profissão de professor foi "muito desvalorizada"
Fernando Alexandre defendeu também que a profissão de professor foi "muito desvalorizada" durante décadas pelos sucessivos governos e sublinhou a necessidade de começar a olhá-la de forma diferente, recordando que na quinta e na sexta-feira vai reunir-se com os sindicatos dos professores para conhecer os seus "cadernos de encargos".
"Temos de perceber onde estão os problemas e o que é que os professores esperam (...). Temos de saber exatamente o que é que os sindicatos esperam de nós", referiu o ministro da Educação.
Um dos pontos em cima da mesa é a recuperação do tempo de serviço, que o novo Governo pretende fazer ao longo dos 5 anos da legislatura, enquanto a Fenprof quer que seja em menos tempo. "O programa de Governo tem uma proposta, vamos ouvir os sindicatos e depois vamos ver como é que o processo negocial vai decorrer", acrescentou, frisando que urge valorizar a profissão de professor.
"Temos de olhar para a profissão do professor, que, de facto, foi muito desvalorizada nos últimos anos, nas últimas décadas", referiu. Fernando Alexandre lembrou que, "durante décadas, houve dezenas de milhares de portuguesas e portugueses que queriam ser professores e que estavam disponíveis para percorrer o território todo para dar aulas e os sucessivos governos desvalorizaram a profissão porque, no fundo, desaproveitaram essa disponibilidade".
"Hoje não estamos nessa situação e temos uma instabilidade nas escolas que não é adequada para uma dimensão tão importante para as famílias e para a formação das pessoas", acrescentou.