Padre católico em Gaza. Cristãos pedem "que o Senhor tenha piedade de todos"
31-10-2023 - 19:11
 • João Pedro Quesado João Pedro Quesado

O responsável pela única paróquia católica no enclave diz que os cristãos que se abrigam na Igreja da Sagrada Família "estão a viver como os primeiros cristãos".

O padre Gabriel Romanelli, responsável da única paróquia católica em toda a Faixa de Gaza, diz que os cristãos na região pedem "que o Senhor tenha piedade de todos" e "conceda a paz". Em entrevista à Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS), o sacerdote conta que a situação é "crítica".

O padre, missionário argentino do Instituto do Verbo Encarnado, está atualmente em Jerusalém. A Igreja da Sagrada Família é agora um refúgio para "mais de 700" pessoas.

“Todos nós somos amigos. Conhecemo-nos uns aos outros, trabalhamos juntos, somos membros dos mesmos grupos paroquiais. Estas pessoas são todas primas, parentes, irmãos e irmãs. A comunidade cristã em Gaza foi profundamente afetada e mais pessoas vieram pedir abrigo à Igreja Católica", explicou o sacerdote.

"Os nossos cristãos, como toda a gente, pedem orações, que o Senhor tenha piedade de todos nós e nos conceda a paz, e que esta guerra chegue ao fim. Pedem também que se fale deste conflito e que todas as pessoas, políticos, diplomatas, jornalistas e funcionários das instituições tentem transmitir palavras de paz e de reconciliação, em vez de se deixarem arrastar pelas circunstâncias. Por último, pedem que o mundo assegure a abertura de corredores humanitários e a liberdade para todos", disse.

Para Gabriel Romanelli, os cristãos na Igreja da Sagrada Família, que diz estarem bem, "estão a viver como os primeiros cristãos, partilhando tudo o que encontram e ajudando todos os que podem". "Abriram também outras escolas católicas para as pessoas se abrigarem, e há mais de 2.500 pessoas alojadas na escola da Sagrada Família, que fica noutro bairro", descreveu o missionário.

Segundo o pároco, a situação em Gaza “permanece crítica, porque os bombardeamentos continuam dia e noite, e o número de mortos e feridos continua a aumentar”.

“Cada morto, cada ferido ou refém é uma tremenda injustiça e uma fonte de grande dor. Podemos imaginar o estado de espírito das pessoas que se encontram nesta situação e que não conseguem ver uma luz ao fundo do túnel”, contou.