José Gomes Cravinho garante que a notícia que avança que tem uma empresa com um sócio condenado por fraude fiscal é "difamatória". O ministro dos Negócios Estrangeiros assegura que a pessoa em questão "era um antigo proprietário da empresa", alguém que o governante diz não conhecer e com quem "nunca teve contacto".
A CNN Portugal avançou esta segunda-feira que o fundador da empresa de que João Gomes Cravinho é sócio, Silva Barão, esteve envolvido no maior negócio imobiliário feito em Portugal nos últimos anos, que lesou o Fundo de Resolução do Novo Banco em 260 milhões de euros.
"Tornei-me sócio. Nunca tive nenhuma responsabilidade de gestão" na empresa de gestão imobiliária, acrescenta, adiantando que ficou a "saber ontem que um dos sócios teve problemas de natureza fiscal".
"Desconhecia por inteiro. Esses problemas nada têm a ver com a empresa e muito menos comigo. A empresa nunca teve qualquer tipo de problema legal."
No entanto, os problemas da sociedade imobiliária não se ficam por ações do seu fundado. Em maio de 2015, a gerência passou de António da Silva Barão para Marcos de Almeida Lagoa, também condenado por fraude fiscal, que se mantém, até à data, sócio de João Gomes Cravinho. A notícia original garante que Cravinho tem metade da quota atual, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros diz que apenas detém 20% da empresa.
Marcos Lagoa foi um dos 11 arguidos no processo dos CTT e foi julgado por vários crimes económicos que terão causado 13,5 milhões de euros de prejuízo aos Correios. Em causa estará um negócio de venda de dois imóveis dos CTT. Um edifício dos Correios em Coimbra terá sido vendido por cerca de 15 milhões de euros e, no mesmo dia, terá voltado a ser vendido pela mesma empresa, por 20 milhões.
Para além de comentar a mais recente polémica a envolver um membro do Governo, Cravinho também antecipou a sua ida ao Parlamento, marcada para amanhã, assegurando que vai "responder a todas as perguntas que os deputados entenderem colocar", mas deixando uma ressalva: "Não gostei nada de ser acusado de mentir, muito menos de mentir ao Parlamento português. Não há nenhuma mentira naquilo que disse".
Operação Tempestade Perfeita: ministro sabia da derrapagem
O ministro João Gomes Cravinho assumiu que, em março 2020, quando tutelava a Defesa, ficou “claro” que o custo das obras no antigo Hospital Militar de Belém estava a derrapar, mas rejeitou categoricamente ter mentido ao Parlamento português.
"É preciso recuar aqui a março de 2020. Não sei se as pessoas estão recordadas do que era a realidade nacional e internacional de março de 2020", salienta, explicando que, no caso do hospital militar de belém o que aconteceu foi que "o custo final foi superior aquilo que era o custo estimado".
"O objetivo naquele momento era criar o hospital. Não havia qualquer questão sobre isso".
Aos jornalistas, garantiu também que já fez o "exercício mental" para responder ao questionário sobre a sua aptidão para ser membro do Governo e não tem "dúvidas nenhumas de que conseguiria responder" às 36 perguntas do mecanismo de escrutinio sem qualquer problema.
[atualizado às 16h40]