A Associação dos Médicos Católicos Portugueses apela ao Presidente da República para que “escute os portugueses e evite que um dos primeiros atos do seu segundo mandato seja a aprovação de uma lei que torna Portugal membro de um grupo indigno e minoritário de sete países que aprovaram a eutanásia”.
Os médicos católicos afirmam, em comunicado, que esta sexta-feira é um dia pesaroso e consideram que o processo que conduziu à aprovação da lei “é um processo insano”.
No perspectiva dos médicos católicos, a presente pandemia causada pelo SARS-CoV-19 veio “pôr a nu a insanidade deste processo”.
“Por um lado, comovemo-nos e aplaudimos o empenho abnegado dos profissionais de saúde para salvarem todas as vidas de todos os doentes, com e sem Covid-19; em contraste, espantamo-nos com a obstinação dos deputados em consagrar leis que permitem provocar a morte, a pedido, dos mais frágeis, mais doentes e que mais sofrem, num país em que lamentavelmente a maioria ainda não tem acesso aos cuidados paliativos”, denunciam.
“Somos médicos e nada nos move mais que o cuidar dos que sofrem. Com esta lei, o Estado oferece apenas uma opção à maioria dos doentes em sofrimento extremo, a morte a pedido”, acrescenta o comunicado.
Para os médicos católicos, a aprovação de uma lei da eutanásia, neste momento, “é uma afronta ao período mais crítico da história do SNS”.
O comunicado reforça ainda que “a dignidade da vida humana, consagrada na nossa Constituição e no nosso Código Deontológico, é diariamente reafirmada pelo esforço diário e admirável de todos os profissionais de saúde, nas condições limite que a presente pandemia criou”.
“Os médicos não são agentes da morte e a eutanásia não é, a nosso ver, um ato médico. Este não é o tempo de legislar sobre a morte. É o tempo de lutar pela vida e criar condições para tratar dos doentes”, defendem os profissionais de saúde.
Foi aprovado esta sexta-feira, no Parlamento, o diploma que legaliza a eutanásia em Portugal, em votação final global.
O Parlamento registou 136 votos a favor, 78 contra e quatro abstenções (duas do PSD e duas do PS).