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O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) considera ser “concretizável” ter 70% dos adultos da União Europeia (UE) vacinados contra a Covid-19 até final do verão, apesar dos “muitos obstáculos” na campanha de vacinação europeia.
“É claro que [as metas estipuladas pela Comissão Europeia] são realizáveis, mas requerem um grande esforço de todos e faremos o nosso melhor para ajudar”, disse em entrevista à agência Lusa o responsável pela unidade de Emergência de Saúde Pública do ECDC, Piotr Kramarz.
Questionado sobre o objetivo de vacinar 70% dos adultos da UE até final do verão ou o de atingir a imunidade de grupo em julho – conjugando a vacinação com a recuperação e consequente imunização à doença – o responsável admitiu que “existem muitos obstáculos que podem interferir” com estas metas.
“Mas faremos o nosso melhor para chegar tão perto ou exceder este objetivo”, reforçou o também chefe-adjunto do programa de doenças do ECDC.
Metas longe do desejado
Dados do ECDC revelam que, até ao momento, foram administradas pelos países europeus quase 87 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 de um total de mais de 110 milhões de doses que chegaram aos Estados-membros da UE.
A ferramenta online do ECDC para rastrear a vacinação da UE, que tem por base as notificações dos Estados-membros, indica que, em termos percentuais, só 6,9% da população adulta da UE já está totalmente inoculada (com as duas doses), enquanto 16,8% recebeu a primeira dose da vacina, ainda longe da meta dos 70% estipulada pela Comissão Europeia.
“A taxa de vacinação média está próxima dos 7% para a administração completa e perto dos 17%, quando se pensa numa dose e é muito mais elevada, claro, para as populações prioritárias como os indivíduos mais velhos, [já que] entre 60 e 70% das pessoas com 80 anos de idade receberam pelo menos a primeira dose e mais de 40% as duas”, elencou Piotr Kramarz.
Bruxelas esperava ter chegado a 31 de março com 80% da população com mais de 80 anos vacinada, bem como com 80% dos profissionais de saúde, mas em ambos os casos as metas falharam, havendo agora foco nos objetivos estipulados para o verão.
“Devo dizer que cada vez mais países estão a entrar na fase de vacinação em massa e há cada vez mais doses de vacinas a chegar [à UE] e mais vacinas a serem aprovadas, pelo que esperamos realmente que a situação melhore e que as taxas de vacinação aumentem mais rapidamente do que antes”, afirmou Piotr Kramarz à Lusa.
Atualmente, estão aprovadas quatro vacinas na UE: Pfizer/BioNTech (Comirnaty), Moderna, Vaxzevria (novo nome da vacina da AstraZeneca) e Janssen (em distribuição desde segunda-feira passada).
Nesta contabilização do ECDC entram, além das vacinas aprovadas na UE, outras duas como a chinesa Sinopharm e a russa Sputnik V, cada uma com 1,1 milhões de doses administradas apenas na Hungria.
A campanha de vacinação da UE tem sido marcada por grandes atrasos na entrega de vacinas por parte da AstraZeneca e pelos efeitos secundários do seu fármaco, dada a confirmada ligação a casos muito raros de formação de coágulos sanguíneos.
A esta situação juntam-se atrasos na chegada à UE da vacina da Janssen após as autoridades de saúde dos Estados Unidos terem recomendado na terça-feira uma pausa na administração do fármaco para investigar relatos de coágulos sanguíneos.
Para o segundo trimestre do ano e após um primeiro muito abaixo do esperado, a expectativa do executivo comunitário é que cheguem 360 milhões de doses à UE, principalmente da Pfizer/BioNTech (200 milhões), da Vaxzevria (70 milhões de um total de 180 milhões inicialmente acordadas), da Janssen (55 milhões) e da Moderna (35 milhões).