O ministro das Infraestruturas e Habitação reconheceu esta segunda-feira, em Elvas, que “durante décadas, os sucessivos governos desinvestiram na ferrovia”, considerando prioritário voltar a apostar no transporte ferroviário.
“É verdade, não tenhamos problemas em dizer as coisas como elas são. Chegámos a este ponto com décadas de atraso, mas finalmente o comboio está no carril e é importante mostrar ao país que a ferrovia é uma aposta nacional e que ela está em curso, não apenas nos anúncios, mas no terreno”, afirmou o governante.
Pedro Nuno Santos falava aos jornalistas depois da assinatura do auto de consignação da empreitada de construção do novo troço ferroviário entre Alandroal e Elvas.
“Já toda a gente percebeu, provavelmente tarde demais em Portugal, que o futuro é o transporte coletivo, o transporte ferroviário, pesado ou ligeiro. Independentemente de cada um usar ou ter o seu automóvel, nós só conseguiremos unir e aproximar o país, integrá-lo na economia ibérica e liga-lo à Europa, através da ferrovia”, insistiu Pedro Nuno Santos, reforçando que “a ferrovia é o meio transporte do futuro e não do passado”.
As declarações foram proferidas no decorrer de uma visita que o governante fez às obras do troço Elvas/Caia, no Allan Vip, o veiculo que a Infraestruturas de Portugal (IP) utiliza para ações de inspeção.
Minutos antes, o ministro, no discurso da cerimónia que decorreu na Câmara Municipal de Elvas, chamou a atenção para o facto de não estar ali para fazer nenhum anúncio, mas para mostrar que existe um plano e que ele já está no terreno.
“O que estamos aqui a fazer é o ultimo ato que depende do Estado, é a consignação. A partir de agora, a responsabilidade é do empreiteiro que tem de começar a obra. Já não é connosco”, referiu o ministro, reconhecendo, contudo que o Governo vai fiscalizar e acompanhar “esta importante obra”.
Pedro Nuno Santos deixou ainda uma palavra para a CP que, pretende que volte a ser uma “grande empresa nacional”. Para além da compra de novos comboios, anunciou a recuperação de várias composições que estão atualmente armazenadas.
“São mais de 70 unidades, entre carruagens, automotoras e locomotivas que estavam encostadas e vão ser recuperadas, o que vai permitir diferentes combinações”, assegura, esperando que se consigam “cerca de 20 comboios com diferente material circulante”.
O ministro das Infraestruturas espera vê-los a circular “bem antes de 2023”, sendo que alguns podem já estar nos carris no próximo ano.
Quanto ao novo troço ferroviário entre Alandroal e Elvas (ligação à Linha do Leste), tem uma extensão de 38,5 quilómetros e integra o futuro Corredor Internacional Sul previsto no âmbito do Programa Ferrovia 2020.
A empreitada representa um investimento de 130,5 milhões de euros, tem um prazo de execução de dois anos e quatro meses e foi adjudicada ao consórcio Sacyr Somague/Sacyr Infraestruturas.