O antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes considera que a posse de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República "é um elemento acrescido de confiança para as autoridades europeias”.
Em declarações à Renascença, extraídas da próxima edição do programa “Fora da Caixa”, Santana Lopes lembra que a prova disso está também no discurso de tomada de posse do novo chefe de Estado.
"Marcelo é um europeísta convicto que expressou em várias circunstâncias o seu apoio aos compromissos existentes da política externa portuguesa”, assinala o antigo líder do PSD.
A presença do presidente da Comissão Europeia na cerimónia de tomada de posse de Marcelo e na véspera da chegada a Lisboa do comissário dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, tem também uma leitura política, acredita Santana Lopes.
“Penso que a União Europeia quer deixar claro que, sendo exigente, não pretende alimentar nenhum clima de hostilidade. Tal como ficou nítido com as declarações do 'se' e do 'quando', com o comissário Moscovici a dizer que não mudou de opinião e que se mantém a confiança na atitude do governo português”, analisa.
O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa diz que a divisão de tarefas entre Juncker e Moscovici em Lisboa deve ser entendida como “um equilíbrio" "sensato, um gesto de amizade, para principalmente não abrir linhas de conflito ou agitação, que é tudo aquilo que a UE menos quer neste momento”.
Juncker, outro “presidente dos afectos”?
Se a Marcelo Rebelo de Sousa já se cola a imagem de um chefe de Estado marcado pelos afectos, Juncker não fica atrás, reconhece Santana Lopes. “É beijo para esquerda e para a direita. Afectos bem expressivos até”, constata o comentador social-democrata a propósito da atitude pública de Jean-Claude Juncker.
O presidente da Comissão Europeia parece evoluir para um cargo, "não digo para uma forma monárquica, mas quase de sistema parlamentar”, acrescenta Santana Lopes.
"Não é que ele não se envolva em determinados dossiês, lembro o caso da Grécia. Nos assuntos mais quentes ele está presente. Mas a nova organização que ele levou para a Comissão Europeia, criando aquelas figuras de supercomissários e vice-presidentes, com comissários agregados em cada pelouro, diminuiu a exigência de intervenção do presidente da comissão em cada caso concreto”, remata o antigo primeiro-ministro português na Renascença.