Democratas acusam Trump de "birra", Trump culpa-os pela paralisação
22-12-2018 - 10:44
 • Lusa, com Renascença.

"Vamos ter uma paralisação, não há nada que possamos fazer", diz Trump, que precisa dos votos do Partido Democrata para conseguir o prometido muro na fronteira com o México.

Os líderes democratas responsabilizaram este sábado o Presidente dos Estados Unidos pela paralisação parcial do Governo federal, acusando-o de assumir uma "birra", poucas horas de pois de Donald Trump os ter culpado pela ausência de acordo orçamental.

O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, e a líder democrata da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, afirmaram que Trump "conseguiu o que queria", depois de ameaçar por diversas vezes com uma paralisação.

Vários serviços da administração norte-americana fecharam à meia-noite (05h00 em Lisboa) depois de um impasse entre Trump e o Congresso (que integra a Câmara dos Representantes e o Senado) sobre o financiamento para a construção de um muro na fronteira com o México.

Os democratas alegaram que o muro é "ineficaz e caro" e sublinharam que Trump "convenceu os republicanos a empurrar a nação para uma destrutiva paralisação no meio da temporada de festas".

Pelosi e Schumer avançaram que, se o impasse não for resolvido, os democratas vão aprovar uma lei que permita a reabertura dos serviços governamentais assim que assumam a maioria da Câmara dos Representantes em janeiro.

"Vamos ter uma paralisação, não há nada que possamos fazer"

Trump, por sua vez, culpou os democratas por este desfecho e apelou a negociações para alcançar um consenso, dizendo esperar que a paralisação não se prolongue por muito tempo.

"Nós vamos ter uma paralisação, não há nada que possamos fazer sobre isso porque precisamos que os democratas nos deem os seus votos", argumentou Trump num vídeo que partilhou na rede social Twitter logo após o Congresso ter concluídos os trabalhos face à ausência de acordo.

No vídeo, Trump associou afirmações sobre tráfico de drogas e gangues a imagens das recentes caravanas de migrantes oriundas da América Central e insistiu que os Estados Unidos precisam de "segurança de fronteira", razão pela qual pediu aos democratas que se sentassem para negociar para que "com sorte [a paralisação] não durasse muito".

"Democratas, temos uma lista maravilhosa de coisas que precisamos para manter nosso país seguro (...). Vamos trabalhar juntos, vamos ser bipartidários e vamos fazer isso", apelou.


Alguns dos serviços do Governo federal dos EUA deixaram este sábado de ter financiamento e enfrentam uma paralisação parcial devido à falta de entendimento entre a Câmara dos Representantes, Senado e o Presidente norte-americano, Donald Trump.

Na ausência de acordo, ambas as câmaras do Congresso norte-americano deram por concluídos os trabalhos na noite de sexta-feira e voltaram a convocar os congressistas para uma nova sessão agendada para hoje ao meio-dia (17h00 em Portugal Continetal), já em plena paralisação.

O Presidente dos Estados Unidos olha para estas negociações como a sua última oportunidade para obter fundos para a construção do muro na fronteira no sul do país, uma vez que em janeiro os democratas passam a controlar a Câmara dos Representantes (como resultado do último ato eleitoral de novembro).

O que significa entrar em "shutdown"?

Sem acordo, mais de 800 mil funcionários federais serão afetados, num total de 2,1 milhões, pela paralisação de serviços da administração norte-americana, depois da Casa dos Representantes, Senado e Casa Branca terem falhado um consenso sobre o orçamento.

Espera-se que cerca de 380 mil pessoas sejam colocadas no desemprego técnico, incluindo 95% dos funcionários da NASA e do Ministério da Habitação, bem como 52 mil funcionários dos serviços fiscais, uma 'contabilidade' realizada pelos democratas, que mantêm um 'braço de ferro' com o Presidente dos Estados Unidos sobre o financiamento do muro prometido por Donald Trump na campanha eleitoral e que está a inviabilizar um acordo com os republicanos.

Quase 420 mil funcionários do Governo que trabalham em serviços considerados essenciais, terão que trabalhar sem serem pagos imediatamente, segundo os democratas: 150 mil funcionários do Ministério da Segurança Interna, de que depende a polícia de fronteira e transporte, e mais de 40 mil elementos das forças de segurança, como a polícia federal (FBI), a agência antidrogas (DEA) e a administração penitenciária.

Se cerca de 75% dos departamentos federais têm orçamentos aprovados para vários meses e não são terão um impacto imediato deste impasse, já os principais departamentos serão afetados, incluindo os de Segurança Interna, Justiça, Comércio, Transporte, Habitação, Tesouro e do Interior, que administra os parques nacionais muito visitados durante o período das férias, como é o caso do Grand Canyon.