A falta de dólares que se está a fazer sentir em Angola está a asfixiar as empresas portuguesas, que já sentem dificuldade em trabalhar, adverte a Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI) à Renascença, que diz que a situação se está a agravar.
Só no sector da construção, há cerca de 13 mil empresas portuguesas em Angola e 200 mil trabalhadores. Segundo o Sindicato da Construção Civil informa que cerca de 80 mil portugueses já regressaram entretanto de Angola.
Os bancos angolanos estão sem dólares para dar aos clientes e as empresas sem dinheiro para pagar a fornecedores e trabalhadores. “Deixa as empresas sem grandes possibilidades de trabalharem porque não têm matérias-primas, não têm os trabalhadores remunerados, querem resolver o problema, mas não têm uma situação fácil”, descreve o presidente da CPCI, Reis Campos.
“As linhas de crédito não funcionam e as entidades bancárias angolanas também não resolvem este problema”, acrescenta.
As reservas de dólares nos bancos angolanos nunca estiveram tão baixas devido à crise financeira e cambial que o país atravessa, pressionado pela queda do preço do petróleo. Muitos bancos já limitaram as entregas a mil dólares por cliente por semana.
As empresas são obrigadas a pagar os salários em kwanzas, mas mesmo estas transferências estão a ser dificultadas. “Já há alguns meses de atraso nessas transferências, que, segundo informações, têm sido, e vão ser, mais difíceis”, aponta Reis Campos.
Com os bancos sem dólares, o mercado informal acaba por ser a solução para muitos trabalhadores, que acabam por lá deixar parte do ordenado. Na última semana, o dólar estava a ser transaccionado a uma taxa média de 155 kwanzas, mas, no mercado de rua, já se pede mais de 350 kwanzas.