Fernando França Pereira tem 79 anos e é finalista na licenciatura em Engenharia Têxtil, na Universidade do Minho.
Ao longo da sua vida, não teve oportunidade de prosseguir estudos, mas o avançar da idade não o impediu de cumprir um sonho: obter uma licenciatura.
"Ninguém me incentivou a estudar. Eu disponibilizei-me, porque sempre quis", diz o estudante de Engenharia à Renascença.
"Foi um objetivo meu e estou a tentar atingi-lo. Nós temos de ter objetivos na vida, senão ela não faz sentido."
Em 2014, quando terminou o ensino secundário, já com 70 anos, decidiu continuar os estudos no ensino superior. Nesse mesmo ano, matriculou-se no curso de Engenharia Têxtil, na U.Minho.
Para o estudante de Vizela, a formação superior deveria ser um objetivo de todos: "A minha ideia é que todos deviam estudar", enfatiza. "Se todos os picheleiros, pedreiros e trolhas pudessem ter um curso superior era bom. Pôr Portugal acima da média."
Durante dois anos, parou por doença, mas, mesmo assim, continuou focado em finalizar as suas metas.
"Ninguém me incentivou a estudar. Eu disponibilizei-me, porque sempre quis. Foi um objetivo meu e estou a tentar atingi-lo. Nós temos de ter objetivos na vida, senão ela não faz sentido."
Independentemente de ser o aluno mais velho da universidade, Fernando nunca sentiu um tratamento diferente em relação aos colegas e professores: "Nem penso nisso. Eles tratam-me por senhor Fernando. Eu até queria que fosse só Nando ou Fernando."
"A amizade entre colegas é realmente muito saudável. Não vejo diferença de idades, eles colaboram comigo. Às vezes até estudámos em grupo", conta.
No entanto, Fernando Pereira assume que nem sempre a vida universitária é fácil: “Às vezes, vejo alguns [colegas] desanimados e eu dou-lhes força, sempre que posso, para que não desistam. Porque é bonito estudar, evoluir os conhecimentos."
O quase octagenário estudante de Engenharia não pensa em entrar no mundo profissional: "É só mesmo fazer o curso, mais nada. Trabalhar na área está fora de questão."
Ainda assim, Fernando diz que ainda pretende tirar mestrado: "Aqui sinto-me bem, vou continuar a estudar. E aconselho os meus colegas a não desanimarem", remata.