Venezuela. Pelo menos 10 portugueses ainda detidos
22-09-2018 - 21:06

Fazem parte de um grupo de 34 gerentes de duas redes de supermercados que foram detidos nos últimos dias.

Um tribunal da Venezuela decidiu manter em prisão preventiva pelo menos dez portugueses e luso-descendentes, todos eles gerentes de supermercados, acusados de impedir o abastecimento de produtos básicos e de violarem as leis que regulam os preços.

Estes portugueses, segundo fonte judicial, fazem parte de um grupo de 34 gerentes das redes de supermercados Central Madeirense e Excelsior Gama (que pertencem a portugueses) que foram detidos nos últimos dias.

"O tribunal ordenou que permaneçam detidos enquanto decorrerem as investigações”, num “processo que ronda os 45 dias", explicou a mesma fonte à agência Lusa.

Os detidos são acusados de não respeitarem o preço máximo de venda ao público de produtos, de açambarcamento e de modificarem os preços de venda, além de terem vazias as prateleiras de carne, frango, arroz e massa.

Segundo a Lei Orgânica de Preços Justos da Venezuela, se forem considerados culpados, poderão ser condenados a penas de prisão de dois a 10 anos.

A agência Lusa tentou, sem êxito, obter mais informação sobre a situação destes portugueses junto de empresários, da direção das redes de supermercados e até mesmo de familiares, temendo estes últimos que qualquer notícia possa prejudicar a situação em que se encontram.

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou na quinta-feira que 34 gerentes de "grandes supermercados" tinham sido detidos por "violar a lei".

"Tivemos um grupo de supermercados que esconderam os produtos às pessoas e começaram a cobrar o preço que lhes dava na gana", disse, durante um Conselho de Ministros que foi transmitido pela televisão estatal venezuelana.

Na sexta-feira, em Lisboa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros convocou o embaixador venezuelano para lhe transmitir a “grande preocupação” do Governo pela detenção dos 34 gerentes de duas cadeias de supermercados portugueses. O Presidente da República também já se mostrou preocupado.

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, disse hoje à Lusa que estão a ser feitas “todas as diligências” para apoiar a defesa dos portugueses detidos na Venezuela.

José Luís Carneiro disse ter a informação de que entre os detidos estão sete que nasceram em Portugal e três que são lusodescendentes.

Sobre a mesma questão estão a ser também feitos contactos “a nível mais político”, com o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal a ter já agendado um encontro com o homólogo venezuelano (nas Nações Unidas, no âmbito da Assembleia Geral das Nações Unidas, que começa na próxima semana).

Disse o secretário de Estado que houve também já contactos com o vice-ministro das Relações Exteriores e Assuntos Europeus, Ivan Gil, a quem foi transmitida a preocupação de Portugal “perante estas circunstâncias, que colocam em causa a segurança e o bem-estar daqueles que contribuem ativamente e decisivamente para o desenvolvimento da Venezuela”.

O próprio secretário de Estado vai em breve à Venezuela, nomeadamente para manter um “diálogo profundo” e “continuar a garantir mecanismos de apoio e proteção àqueles que estão a viver momentos de grandes e profundas dificuldades”.