O antigo vice-presidente do CDS-PP Adolfo Mesquita Nunes acusou esta terça-feira o presidente do partido de falta de confiança e de ter escolhido "entrincheirar-se", e rejeitou que as votações no próximo Conselho Nacional decorram de forma nominal.
Através de uma publicação em vídeo na sua página de "facebook", o centrista reagiu ao anúncio feito pouco antes pelo presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, de que apresentará ao Conselho Nacional de sábado uma moção de confiança à sua comissão política nacional.
"Se tivesse confiança na sua direção, se tivesse confiança no que resta da sua direção, o presidente do CDS teria anunciado hoje a convocação do congresso extraordinário do partido para ouvir as bases e para ouvir os militantes do CDS", defendeu Adolfo Mesquita Nunes, acusando o líder centrista de ter preferido "entrincheirar-se, procurando a proteção das inerências de que dispõe no Conselho Nacional".
Na sua ótica, "esta crise que a direção parece não aceitar não pode ser resolvida com uma moção de confiança".
"Nenhum dos nossos principais problemas se resolve assim", prosseguiu, defendendo que "o caminho para o reforço da confiança deveria ser outro" e devia estar "na mão dos militantes do CDS, como é seu direito".
"Os militantes do CDS têm direito a um congresso, não apenas para discutir a liderança mas para discutir também a estratégia, aquilo que devemos fazer para dar a volta a isto e para vencer esta crise que atravessamos", frisou também, alertando que, "se o CDS desistir de mudar" corre "o risco de que seja o país a desistir do CDS".
O antigo deputado anunciou que, juntamente com "50 conselheiros nacionais", enviou "um requerimento ao presidente do Conselho Nacional pedindo que constasse da ordem de trabalhos a convocação de um congresso extraordinário eletivo".
Porém, a resposta que recebeu de Filipe Anacoreta Correia foi que "não cabe ao Conselho Nacional convocar congressos extraordinários eletivos que interrompam o mandato das direções vigentes", adiantou.
"Essa tese é uma tese que eu não acompanho, é uma tese que não tem tradição no CDS, que já teve congressos extraordinários eletivos", realçou, apontando que irá marcar presença na reunião daquele que é o órgão máximo entre congressos para "defender que os militantes do CDS têm direito a um congresso para discutir a estratégia" a "seguir para dar a volta a isto".
Adolfo Mesquita Nunes apelou ainda "a que as votações não decorram com o mesmo método de votação do último" Conselho Nacional, no qual os conselheiros votaram de forma nominal, e "cada conselheiro teve uma câmara apontada a si e teve de dizer perante todos, um a um, o seu sentido de voto".
"Este método, que nem os partidos comunistas usam, seria manifestamente inaceitável num caso como este, refreando a margem de liberdade que todos os dirigentes têm para decidir em matérias desta gravidade. Há muitas soluções técnicas para o efeito, já fiz chegar ao presidente do Conselho Nacional algumas deles e não há razão nenhuma para que seja o método nominal o método de voto neste Conselho Nacional", defendeu.
Na semana passada, Mesquita Nunes propôs a realização de um Conselho Nacional para discutir a convocação de um congresso antecipado, e eleições para a liderança do partido, e anunciou que será candidato caso seja marcado esse congresso.