No secundário, pelo menos 20% da nota de um aluno é ditada pela sua turma e escola. A conclusão é de um estudo realizado na Nova SBE, sobre o impacto da comparação entre alunos nas notas atribuídas nos últimos anos do ensino secundário.
Quanto pior for o desempenho dos colegas, maior a possibilidade de a nota do aluno subir, sobretudo na disciplina de matemática.
Segundo Pedro Freitas, investigador na Nova School of Business and Economics, os alunos não são avaliados apenas pelo que sabem. Quando estão integrados em escolas ou turmas mais fracas, aumenta a possibilidade de terem notas mais altas.
O estudo “Notas internas no ensino secundário: o impacto da comparação entre alunos/as”, realizado pelo Centro de Economia da Educação da Nova SBE, pretendia perceber, por exemplo, se “dois alunos com o mesmo tipo de conhecimento mas inscritos em escolas ou turmas com níveis de aproveitamento muito diferentes terão a mesma nota”.
Foram analisadas as notas de 930 mil alunos do 10.º ano, com português ou matemática nos currículos, entre os anos 2007-2008 e 2017-2018 (só ensino público, porque não estão disponíveis os mesmos dados no privado).
Com base nesses dados, os investigadores concluíram que “um aluno que está numa turma ou numa escola em que o nível médio dos alunos é relativamente mais baixo tem uma maior capacidade de ter uma nota mais alta”.
Porquê? “Porque aquele aluno está a ser avaliado não apenas pelos seus conhecimentos em absoluto, mas está também a ser comparado com os seus colegas”, explica Pedro Freitas à Renascença. É o chamado comportamento de “dar notas na curva”, porque se olha para a curva de distribuição daquele conjunto de alunos, esclarece.
Segundo este investigador, “a âncora de avaliação do professor” determina parte da nota atribuída, com base na média da turma ou na média dos alunos desse professor.
O estudo conclui que “pelo menos 20% da nota pode vir destes fatores”, diz Pedro Freitas. Mas há ainda diferenças de peso entre disciplinas, sendo que “em matemática é maior do que em português, por exemplo”.
As conclusões da investigação foram apresentadas esta semana na inauguração da MetaDEL, sala virtual do Nova SBE Digital Experience Lab apresentada como “a primeira sala no metaverso de uma escola portuguesa”.