O presidente do PSD afirmou esta terça-feira que irá falar em breve com os dois candidatos à liderança, garantindo que basta que um se oponha para que não entregue no parlamento os diplomas sobre a lei eleitoral e Constituição.
Em declarações aos jornalistas no final da reunião da Comissão Política Nacional (CPN), Rui Rio disse que ainda não falou nem com Luís Montenegro nem com Jorge Moreira da Silva sobre o tema.
"Não quis consultar os candidatos sem ouvir a CPN que está de acordo com o princípio de não entregar nenhum destes dois projetos se pelo menos um dos candidatos não estiver de acordo", afirmou.
Rio admitiu que, das conversas, pode resultar a entrega apenas de um dos diplomas de nenhum ou dos dois.
"De qualquer maneira, basta que um não queira e nós não entregarmos. Vou falar agora, foi bom as coisas acalmarem porque isto não é caso de fazer nenhuma revolução", defendeu.
O tema foi polémico na última reunião do grupo parlamentar, na semana passada, com alguns deputados a defenderem que, a menos de um mês das diretas, a atual direção não deveria comprometer o próximo presidente com diplomas tão estruturantes, enquanto outros advogaram a sua total legitimidade.
Também os dois candidatos anunciados às eleições diretas de 28 de maio já manifestaram publicamente posições diferentes.
O antigo líder parlamentar Luís Montenegro defendeu que deve ser o próximo presidente do partido a decidir o que fazer com os projetos de alteração da lei eleitoral da Assembleia da República e de revisão da Constituição, apelando ao bom senso.
"Eu diria que bom senso é um conceito que toda a gente consegue interpretar e também espero que os deputados, a direção do PSD, o saibam interpretar. Mas não fujo à questão: se o PSD fez um trabalho para ter dois projetos um de alteração à lei eleitoral e à Constituição e esse trabalho está feito, nós só podemos agradecer a quem o fez e esperar que o próximo líder e a sua direção façam com ele o que entenderem nos próximos anos", afirmou.
Já o antigo vice-presidente do PSD Jorge Moreira da Silva deu a entender não se opor à entrega do projeto de alteração da lei eleitoral, dizendo desconhecer o texto sobre revisão constitucional.
"O dr. Rui Rio é líder legitimo do PSD, o PSD não está em processos de vacatura, é líder da oposição até ao último dia. Disseram-me que o dr. Rui Rio tinha interesse em conversar comigo e com o dr. Luís Montenegro sobre isso, mas nem tinha obrigação, é um ato de cortesia que agradeço", afirmou Moreira da Silva na semana passada, assegurando que, se for eleito líder do PSD, aproveitará o diploma como "base de trabalho".